Detalhes de nossas experiências
Nos anos recentes, demonstrações de falhas de memória convenceram muitos cientistas que a memória humana não armazena os detalhes de nossas experiências. Entretanto, um novo estudo feito por neurocientistas cognitivos do MIT, nos Estados Unidos, pode derrubar essa crença largamente aceita: Eles demonstraram que, sob condições adequadas, o cérebro humano pode registrar uma quantidade incrível de informações.
No estudo, cujos resultados poderão ter implicações para a inteligência artificial e para o entendimento de distúrbios de memória, os participantes visualizaram milhares de objetos ao longo de cinco horas. Notavelmente, mais tarde eles foram capazes de se lembrar de cada objeto com grande nível de detalhamento.
Memória visual de longo prazo
"A capacidade de memória visual de longo prazo é muito maior do que se acreditava e havia sido demonstrado até agora," diz Aude Oliva, professora de ciências cognitivas e autora sênior do artigo que descreve a pesquisa, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.
Oliva e seus estudantes mostraram aos participantes quase 3.000 imagens, uma por vez, por três segundos cada uma. Em testes feitos no mesmo dia, foram mostrados a eles pares de imagens, devendo os participantes selecionarem as imagens que eles haviam visto antes.
Os participantes foram testados com três tipos de pares de imagens: dois objetos totalmente diferentes; um objeto e um exemplo diferente do mesmo tipo de objeto (dois tipos diferentes de controle remoto, por exemplo); e um objeto e uma versão levemente alterada (um copo cheio ou meio cheio).
Lembranças de detalhes
Contra todas as expectativas, as taxas de lembrança apresentadas pelos participantes nos três testes de memória foram de 92%, 88% e 87% respectivamente. "Apenas para dar um exemplo, isto significa que, depois de terem visto milhares de objetos, os participantes não apenas se lembraram de um armário que haviam visto, mas também que a porta do armário estava levemente aberta," diz Timothy Brady, outro pesquisador do grupo.
Os modelos tradicionais da visão teorizam que os detalhes necessariamente escapam à medida que os impulsos viajam dos olhos para os centros de processamento no cérebro. Os novos resultados podem estimular os neurocientistas a revisar esses modelos para levar em conta como as pessoas lembram de tantos detalhes.
Os estudos anteriores nunca descobriram que podemos armazenar tantos detalhes na memória, em parte porque eles não procuravam por isso.
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