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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cientistas comprovam efeitos da Acupunctura

Cientistas comprovam efeitos analgésicos da acupunctura, identificando a molécula que intervém na acupunctura.
Testes em ratos comprovam que efeito das agulhas pode reduzir até 2/3 a dor
Apesar da longa historia no Oriente e da rápida aceitação pelo Ocidente, ainda existem muitas questões por responder acerca do funcionamento da acupunctura, como os mecanismos que causam efeitos analgésicos.

Um trabalho, publicado recentemente na Nature Neuroscience http://www.nature.com/neuro/journal/vaop/ncurrent/abs/nn.2562.html, revela as bases fisiológicas para os efeitos desta técnica a nível local.

Várias investigações demonstraram que a aplicação de agulhas activa de forma duradoura os tecidos sensíveis ascendentes e, em consequência, liberam-se endorfinas (péptidos opióides) no sistema nervoso central.

Esta técnica, que se realiza em sessões de 30 minutos em que as agulhas giram ou estimulam com calor ou electricidade a cada cinco minutos o corpo, é, para muitas pessoas, um alívio para a dor.

No entanto, a simples libertação de endorfinas “não pode explicar só por si a causa da acupunctura se aplicar convencionalmente muito próximo do foco de dor nem porque os seus efeitos analgésicos estão restringidos ao lado ipsilateral”, assinalam os autores do Centro de Medicina Translacional da Universidade de Rochester, em Nova Iorque.

Se a libertação de endorfinas no cérebro fosse a única razão do efeito analgésico da acupunctura, então bastava que as agulhas fossem enfiadas em qualquer ponto e não nos que estão próximos da zona a ser tratada. O grupo de investigadores centrou a atenção nos fenómenos que tinham lugar nas proximidades do lugar de inserção das agulhas.

A molécula que inibe a dor

O estudo foi centrado na adenosina, um derivado do ATP − a molécula que confere energia às células − que intervém em processos como a regulação do sono ou da função cardíaca e que tem propriedades anti-inflamatórias e analgésicas. Este péptido é libertado na pele depois de se sofrer uma ferida e inibe os impulsos nervos, aliviando a dor.


Como objectos de estudo, os autores submeteram vários ratos com feridas em uma das patas à acupunctura num ponto concreto do joelho em sessões standard e monitorizaram os níveis de adenosina na zona. Deste modo, os cientistas comprovaram que a dor diminuía em dois terços graças às agulhas.

Durante o tratamento, os níveis de adenosina próximos do ponto de inserção aumentaram até 24 vezes o nível base. Curiosamente, num grupo de roedores alterados geneticamente para serem insensíveis a esta molécula, a acupunctura não teve qualquer efeito, reforçando a ideia de que o papel desta molécula é crucial para aliviar a dor.

“Este estudo identifica a adenosina como parte do processo. É uma contribuição interessante para o nosso conhecimento crescente de uma intervenção tão complexa como a acupunctura”, salientou Josephine Briggs, director do Centro Nacional de Medicina Complementar e Alternativa dos Estados Unidos, que financiaram o projecto.

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