Meditação Nova técnica para prevenir depressão
A mindfulness, técnica de meditação para "uma plena
consciência", pode provocar bem-estar e ser eficaz na prevenção da
depressão, mas somente 15 em cada 100 portugueses ouviu falar desta solução
também ainda pouco investigada, disse hoje um especialista.
"A técnica pode permitir à pessoa interpretar de
maneira diferente problemas antigos, dar novas significações às coisas que
normalmente sente ou os estímulos que lhe são habituais e com isso,
eventualmente, até encontra soluções novas e mais criativas", a partir do
relaxamento, explicou à agência Lusa Osvaldo Santos.
O responsável pelo estudo "Mindfulness", realizado
para a DecoProteste, referiu que as técnicas meditativas que provocam estados
alterados de consciência são uma forma diferente de estar consciente dos
problemas, e esta alternativa, como outras, implica um estado de relaxamento ou
descontracção, mas distingue-se por não exigir a concentração focada num
determinado objecto.
As respostas de 1.849 inquiridos, entre os 18 e 74 anos,
revelam que só 15% tinha ouvido falar de mindfulness, "o que é muito
pouco, mas ilustra a realidade", cenário muito diferente do que acontece,
por exemplo, na Bélgica, onde também foi realizado o estudo e em que se atingia
40%.
Em Portugal, só 1% dos inquiridos refere ter experimentado,
percentagem que na Bélgica sobe aos 9%, e praticamente todas diziam ter tido
contacto com a técnica em contexto não clínico, em associações budistas ou de
práticas mais orientais.
Osvaldo Santos reconheceu que a investigação "ainda é
muito incipiente nestas áreas pelo facto de eventualmente a própria comunidade
científica ter alguma relutância em estudar este tipo de técnicas, a que muito
facilmente as pessoas aderem".
Os trabalhos existentes mostram que "há algum potencial
efeito benéfico na técnica, de reduzir a ansiedade" ou mesmo a questão da
dor, mas "é preciso que haja mais investigação", frisou.
A técnica, "um conjunto de procedimentos que tem valor
clínico", pode ser usada para melhorar aspectos relacionados com saúde
mental por clínicos competentes, como psicólogos, psicoterapeutas ou
psiquiatras, e pode ter uma utilização não clínica, mais ligada a religiões,
como budismo ou hinduísmo.
Na próxima edição da Teste Saúde, publicação da DecoProteste
a divulgar na quinta-feira, é referido que o objectivo da mindfulness é
"obter uma observação neutra do que se passa, sem sentimentos de tristeza
ou euforia, conduzindo o praticante a uma nova forma de ver e interpretar os
problemas e as emoções" e é útil na gestão do stress e nas situações de
"burnout" (esgotamento no trabalho).
A ideia "é dar atenção a tudo e ao mesmo tempo não
ficar preso a uma determinada sensação, sermos capazes de ser mais observadores
e menos atores na sensação, não ficarmos agarrados às emoções que os estímulos
nos provocam", especificou Osvaldo Santos, acrescentando que "é um
exercício que se torna difícil e é preciso treino".
O psicólogo clínico insistiu na necessidade de escolher o
terapeuta adequado para aplicar a técnica, quando existe uma patologia, como
depressão, o que é diferente de procurar a mindfulness para aumentar o
bem-estar.
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