Em A cabeça bem-feita, Morin afirma que o conhecimento
pertinente é aquele que é capaz de situar qualquer informação em seu contexto
e, se possível, no conjunto em que está inscrita: “Uma inteligência incapaz de
perceber o contexto e o complexo planetário fica cega, inconsciente e
irresponsável.”
O autor aponta para os inconvenientes da
superespecialização, do confinamento e do despedaçamento do saber provocados
pelo especialização e pela multidisciplinaridade das ciências e afirma que “a
aptidão para contextualizar e integrar é uma qualidade fundamental da mente
humana, que precisa ser desenvolvida e não atrofiada”.
“O enfraquecimento de uma percepção global leva ao
enfraquecimento do senso de responsabilidade – cada um tende a ser responsável
apenas por sua tarefa especializada – bem como ao enfraquecimento da
solidariedade – ninguém mais preserva o seu elo orgânico com a cidade e seus
concidadãos. (...) A continuação do processo técnico-científico atual –
processo cego, aliás, que escapa à consciência e à vontade dos próprios
cientistas – leva a uma grande regressão da democracia.”