O perigo da história única começa dentro de casa, na família. Quando nascemos, é o olhar da mãe o primeiro a nos constituir. Só nos reconhecemos como um ser para além da mãe e depois do pai a partir deste primeiro olhar que inicia a nossa construção. Claro que outros constructores também dão os seus contributos, porém inicialmente são sempre os mais próximos de nós, depois a religião, a escola, os grupos...
É mesmo dentro da nossa família, da nossa casa, que iniciamos nosso embate com as histórias únicas. Quando os pais determinam que este filho é calminho, meigo, aquele é despistado, eléctrico e se tiver um terceiro filho, ele também vai receber o seu "elogio" que se transforma em rótulo.
Não é destino desses filhos virem a ser assim no futuro, porém o mais provável é que aqueles filhos assim rotulados cumpram a profecia dos pais. Por isso, é comum ouvirmos: “ele é mesmo assim desde pequeno...”. Claro!!! Quando a criança ouve que é despistada, começa a agir como se espera de uma criança despistada e eléctrica. Afinal, ele está apenas sendo a imagem que a família tem dele.
Depois da família vem a escola, porém geralmente a escola dá apenas continuidade ao "rótulo" que veio da família.
Se não encontramos um professor(a) que rompa as grades deste olhar na escola, nosso primeiro mundo público, temos poucas chances na vida.
A história de mão única na família e depois na escola é um contributo negativo, sem a intenção, oferecido por pais e professores que só fazem o que sabem e precisam cada vez saber mais, para fazer mais e melhor por quem eles educam. Educar é valorizar, acreditar e impulsionar!!!
Assistam a palestra da escritora nigeriana Chimamanda Adichie
http://zambezianachuabo.blogspot.com/2010/02/chimamanda-adichie-o-perigo-da-historia.html
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