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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Receitas de lacticínios

Leite condensado
1 chávena de chá de água
2 chávenas de chá de açúcar
2 chávenas de leite em pó (magro ou meio-gordo, conforme o que pretender ou o que encontrar)
Colocar a água com o açúcar no liquidificador durante 2 minutos (na potência máxima), em seguida colocar o leite em pó e bater durante 7 minutos. Colocar num recipiente e levar ao frigorífico (24h). Usar no prazo de uma semana.
Se for para fazer baba de camelo cozer em banho-maria.

Requeijão rápido
1 litro de leite gordo – quanto mais gordo melhor! (pasteurizado ou ultrapasteurizado)
3 colheres de sopa de vinagre branco ou de sumo de limão
Sal q.b.
Ferver o leite, deitar uma pitada de sal, deitar o vinagre ou sumo e deixar coalhar. Coar gradualmente por peneira cada vez mais fina.
Colocar numa rede que vem com os requeijões de compra (ou furar com um arame quente uma caixa plástica) e espremer. Deixar arrefecer.
Se quiser colocar ervas aromáticas (alecrim, tomilho, cebolinho) deverá fazê-lo logo a seguir a coar.
As redes devem ser escaldadas antes do uso.
O soro e for novamente aos 80.ºC, torna a dar requeijão.
Dá um pequeno requeijão por cada litro de leite.

Manteiga
2 pacotes de natas frescas (2 x 250 ml)
Sal q.b.
Ervas aromáticas ou alho (facultativo)
Bater no liquidificador. Quando começar a fazer um barulho diferente parar e cortar, com uma faca, em cruz, tornando a colocar novamente em funcionamento. Quando tiver uma pasta separada de um soro, parar o aparelho e coar. Adicionar o sal e ervas aromáticas. Embrulhar em folha de alumínio ou colocar na manteigueira e guardar no frio.

Queijo fresco
3 litros de leite pasteurizado gordo (leite do dia)
6,6 ml de coalho (Casa Chinesa – Porto ou em herbanárias)Se tiver passado a validade adiciona-se mais quantidade.
Sal q.b.
Colocar o leite num tacho baixo e largo e levar a aquecer em lume brando até chegar aos 40.ºC (não ultrapassar). Usar um termómetro de cozinha ou um de banho de bebé. Retirar do lume, adicionar sal e coalho. Abafar, tapando com texto e envolvendo em folha de alumínio, jornais e cobertores (se possível colocar perto de uma lareira ou fogão aceso). Também se pode colocar o tacho dentro de outro com água quente ou em cima de uma escalfeta. Deixar assim 40 minutos. Depois abrir e cortar com uma faca em cruz. A parte sólida sobe e o soro fica no fundo. Passar por um coador, espremendo, e guardar no frio.
O soro pode ser novamente aquecido a 80.ºC e obteremos o requeijão normal (não o que antes chamamos rápido!).

Queijo tipo Filadélfia
1 litro de leite fervido
3 colheres de vinagre ou de sumo de limão
1 colher de sopa de manteiga
Retirar 1 chávena de chá do litro de leite e guardar.
Fazer requeijão. Retirar a parte sólida e colocar num liquidificador com a manteiga, ir adicionando o leite conforme as necessidades. Conferir o sal. Se pretender adicionar ervas é agora que o fará.
Colocar no frio durante 12 horas.

Receitas recebidas da minha Ana de Braga

Vale mais do que um medicamento

EXPRESSÕES POPULARES (O saber não ocupa lugar)

ERRO CRASSO
Significado: Erro grosseiro.
Origem: Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos , tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair.
Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um "erro crasso".

TER PARA OS ALFINETES
Significado: Ter dinheiro para viver.
Origem: Em outros tempos, os alfinetes eram objecto de adorno das mulheres e daí que, então, a frase significasse o dinheiro poupado para a sua compra porque os alfinetes eram um produto caro. Os anos passaram e eles tornaram-se utensílios, já não apenas de enfeite, mas utilitários e acessíveis. Todavia, a expressão chegou a ser acolhida em textos legais. Por exemplo, o Código Civil Português, aprovado por Carta de Lei de Julho de 1867, por D. Luís, dito da autoria do Visconde de Seabra, vigente em grande parte até ao Código Civil actual, incluía um artigo, o 1104, que dizia: «A mulher não pode privar o marido, por convenção antenupcial, da administração dos bens do casal; mas pode reservar para si o direito de receber, a título de alfinetes, uma parte do rendimento dos seus bens, e dispor dela livremente, contanto que não exceda a terça dos ditos rendimentos líquidos.»

DO TEMPO DA MARIA CACHUCHA
Significado: Muito antigo.
Origem: A cachucha era uma dança espanhola a três tempos, em que o dançarino, ao som das castanholas, começava a dança num movimento moderado, que ia acelerando, até terminar num vivo volteio. Esta dança teve uma certa voga em França, quando uma célebre dançarina, Fanny Elssler, a dançou na Ópera de Paris. Em Portugal, a popular cantiga Maria Cachucha (ao som da qual, no séc. XIX, era usual as pessoas do povo dançarem) era uma adaptação da cachucha espanhola, com uma letra bastante gracejadora, zombeteira.

À GRANDE E À FRANCESA
Significado: Viver com luxo e ostentação.
Origem: Relativa aos modos luxuosos do general Jean Andoche Junot, auxiliar de Napoleão que chegou a Portugal na primeira invasão francesa, e dos seus acompanhantes, que se passeavam vestidos de gala pela capital.

COISAS DO ARCO-DA-VELHA
Significado: Coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverosímeis.
Origem: A expressão tem origem no Antigo Testamento; arco-da-velha é o arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do pacto que Deus fez com Noé: "Estando o arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-Me-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra." (Génesis 9:16)
Arco-da-velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha, uma referência à Lei Divina.
Há também diversas histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris - beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano bere (beber).

DOSE PARA CAVALO
Significado: Quantidade excessiva; demasiado.
Origem: Dose para cavalo, dose para elefante ou dose para leão são algumas das variantes que circulam com o mesmo significado e atendem às preferências individuais dos falantes.
Supõe-se que o cavalo, por ser forte; o elefante, por ser grande, e o leão, por ser valente, necessitam de doses exageradas de remédio para que este possa produzir o efeito desejado.
Com a ampliação do sentido, dose para cavalo e suas variantes é o exagero na ampliação de qualquer coisa desagradável, ou mesmo aquelas que só se tornam desagradáveis com o exagero.

DAR UM LAMIRÉ
Significado: Sinal para começar alguma coisa.
Origem: Trata-se da forma aglutinada da expressão «lá, mi, ré», que designa o diapasão, instrumento usado na afinação de instrumentos ou vozes; a partir deste significado, a expressão foi-se fixando como palavra autónoma com significação própria, designando qualquer sinal que dê começo a uma actividade. Historicamente, a expressão «dar um lamiré» está, portanto, ligada à música (cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
Nota: Escreve-se lamiré, com o r pronunciado como em caro.


MEMÓRIA DE ELEFANTE
Significado: Ter boa memória; recordar-se de tudo.
Origem: O elefante fixa tudo aquilo que aprende, por isso é uma das principais atracções do circo.

LÁGRIMAS DE CROCODILO
Significado: Choro fingido.
Origem: O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.

NÃO PODER COM UMA GATA PELO RABO
Significado: Ser ou estar muito fraco; estar sem recursos.
Origem: O feminino, neste caso, tem o objectivo de humilhar o impotente ou fraco a que se dirige a referência. Supõe-se que a gata é mais fraca, menos veloz e menos feroz em sua própria defesa do que o gato. Na realidade, não é fácil segurar uma gata pelo rabo, e não deveria ser tão humilhante a expressão como realmente é.


MAL E PORCAMENTE
Significado: Muito mal; de modo muito imperfeito.
Origem: «Inicialmente, a expressão era "mal e parcamente". Quem fazia alguma coisa assim, agia mal e eficientemente, com parcos (poucos) recursos.
Como parcamente não era palavra de amplo conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra, parecida, bastante conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. E ficou " mal e porcamente", sob protesto suíno.»(1)
(1) in A Casa da Mãe Joana, de Reinaldo Pimenta, vol. 1 (Editora Campus, Rio de Janeiro)

JÁ A FORMIGA TEM CATARRO
Significado: Diz-se a quem pretende ser mais do que é, sobretudo dirigido a crianças ou inexperientes.

FAZER TIJOLO
Significado: Morrer.
Origem: Segundo se diz, existiu um velho cemitério mouro para as bandas das Olarias, Bombarda e Forno do Tijolo. O almacávar, isto é, o cemitério mourisco, alastrava-se numa grande extensão por toda a encosta, lavado de ar e coberto de arvoredo.
Após o terramoto de 1755, começando a reedificação da cidade, o barro era pouco para as construções e daí aproveitar-se todo o que aparecesse.
O cemitério árabe foi tão amplamente explorado que, de mistura com a excelente terra argilosa, iam também as ossadas para fazer tijolo. Assim, é frequente ouvir-se a expressão popular em frases como esta: 'Daqui a dez anos já eu estou a fazer tijolo '.
in 'Dicionário de Expressões Correntes' ; Orlando Neves

FILA INDIANA
Significado: enfiada de pessoas ou coisas dispostas uma após outra.
Origem: Forma de caminhar dos índios da América que, deste modo, tapavam as pegadas dos que iam na frente.

ANDAR À TOA
Significado: Andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.
Origem: Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está "à toa" é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar.

EMBANDEIRAR EM ARCO
Significado: Manifestação efusiva de alegria.
Origem: Na Marinha, em dias de gala ou simplesmente festivos, os navios embandeiram em arco, isto é, içam pelas adriças ou cabos (vergueiros) de embandeiramento galhardetes, bandeiras e cometas quase até ao topo dos mastros, indo um dos seus extremos para a proa e outro para a popa. Assim são assinalados esses dias de regozijo ou se saúdam outros barcos que se manifestam da mesma forma.

CAIR DA TRIPEÇA
Significado: Qualquer coisa que, dada a sua velhice, se desconjunta facilmente.
Origem: A tripeça é um banco de madeira de três pés, muito usado na província, sobretudo junto às lareiras. Uma pessoa de avançada idade aí sentada, com o calor do fogo, facilmente adormece e tomba.

FAZER TÁBUA RASA
Significado: Esquecer completamente um assunto para recomeçar em novas bases.
Origem: A tabula rasa , no latim, correspondia a uma tabuinha de cera onde nada estava escrito. A expressão foi tirada, pelos empiristas, de Aristóteles, para assim chamarem ao estado do espírito que, antes de qualquer experiência, estaria, em sua opinião, completamente vazio. Também John Locke (1632 1704), pensador inglês, em oposição a Leibniz e Descartes, partidários do inatísmo, afirmava que o homem não tem nem ideias nem princípios inatos, mas sim que os extrai da vida, da experiência. «Ao começo», dizia Locke, «a nossa alma é como uma tábua rasa, limpa de qualquer letra e sem ideia nenhuma. Tabula rasa in qua nihil scriptum. Como adquire, então, as ideias? Muito simplesmente pela experiência.»

AVE DE MAU AGOURO
Significado: Diz-se de pessoa portadora de más notícias ou que, com a sua presença, anuncia desgraças.
Origem: O conhecimento do futuro é uma das preocupações inerentes ao ser humano. Quase tudo servia para, de maneiras diversas, se tentar obter esse conhecimento. As aves eram um dos recursos que se utilizava. Para se saberem os bons ou maus auspícios (avis spicium) consultavam-se as aves. No tempo dos áugures romanos, a predição dos bons ou maus acontecimentos era feita através da leitura do seu voo, canto ou entranhas. Os pássaros que mais atentamente eram seguidos no seu voo, ouvidos nos seus cantos e aos quais se analisavam as vísceras eram a águia, o abutre, o milhafre, a coruja, o corvo e a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a conotação funesta com qualquer destas aves.

VERDADE DE LA PALISSE
Significado: Uma verdade de La Palice (ou lapalissada / lapaliçada) é evidência tão grande, que se torna ridícula.
Origem: O guerreiro francês Jacques de Chabannes, senhor de La Palice (1470-1525), nada fez para denominar hoje um truísmo. Fama tão negativa e multissecular deve-se a um erro de interpretação.
Na sua época, este chefe militar celebrizou-se pela vitória em várias campanhas. Até que, na batalha de Pavia, foi morto em pleno combate. E os soldados que ele comandava, impressionados pela sua valentia, compuseram em sua honra uma canção com versos ingénuos:
"O Senhor de La Palice / Morreu em frente a Pavia; / Momentos antes da sua morte, / Podem crer, inda vivia."
O autor queria dizer que Jacques de Chabannes pelejara até ao fim, isto é, "momentos antes da sua morte", ainda lutava. Mas saiu-lhe um truísmo, uma evidência.
Segundo a enciclopédia Lello, alguns historiadores consideram esta versão apócrifa. Só no século XVIII se atribuiu a La Palice um estribilho que lhe não dizia respeito. Portanto, fosse qual fosse o intuito dos versos, Jacques de Chabannes não teve culpa.

Nota: Em Portugal, empregam-se as duas grafias: La Palice ou La Palisse.

TER OUVIDOS DE TÍSICO
Significado: Ouvir muito bem.
Origem: Antes da II Guerra Mundial (l939 a l945), muitos jovens sofriam de uma doença denominada tísica, que corresponde à tuberculose. A forma mais mortífera era a tuberculose pulmonar.
Com o aparecimento dos antibióticos durante a II Guerra Mundial, foi possível combater esta doença com muito maior êxito.
As pessoas que sofrem de tuberculose pulmonar tornam-se muito sensíveis, incluindo uma notável capacidade auditiva. A expressão «ter ouvidos de tísico» significa, portanto, «ouvir tão bem como aqueles que sofrem de tuberculose pulmonar».

COMER MUITO QUEIJO
Significado: Ser esquecido; ter má memória.
Origem: A origem desta expressão portuguesa pode explicar-se pela relação de causalidade que, em séculos anteriores, era estabelecida entre a ingestão de lacticínios e a diminuição de certas faculdades intelectuais, especificamente a memória.
A comprovar a existência desta crença existe o excerto da obra do padre Manuel Bernardes "Nova Floresta", relativo aos procedimentos a observar para manter e exercitar a memória: «Há também memória artificial da qual uma parte consiste na abstinência de comeres nocivos a esta faculdade, como são lacticínios, carnes salgadas, frutas verdes, e vinho sem muita moderação: e também o demasiado uso do tabaco».
Sabe-se hoje, através dos conhecimentos provenientes dos estudos sobre memória e nutrição, que o leite e o queijo são fornecedores privilegiados de cálcio e de fósforo, elementos importantes para o trabalho cerebral. Apesar do contributo da ciência para desmistificar uma antiga crença popular, a ideia do queijo como alimento nocivo à memória ficou cristalizada na expressão fixa «comer (muito) queijo».

ACORDO LEONINO
Significado: Um «acordo leonino» é aquele em que um dos contratantes aceita condições desvantajosas em relação a outro contratante que fica em grande vantagem.
Origem: «Acordo leonino» é, pois, uma expressão retórica sugerida nomeadamente pelas fábulas em que o leão se revela como todo-poderoso.

QUE MASSADA*!
Significado: Exclamação usada para referir uma tragédia ou contra-tempo.
Origem: É uma alusão à fortaleza de Massada na região do Mar Morto, Israel, reduto de Zelotes, onde permaneceram anos resistindo às forças romanas após a destruição do Templo em 70 d.C., culminando com um suicídio colectivo para não se renderem, de acordo com relato do historiador Flávio Josefo.

PASSAR A MÃO PELA CABEÇA
Significado: perdoar ou acobertar erro cometido por algum protegido.
Origem: Costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronunciava a bênção.


GATOS-PINGADOS
Significado: Tem sentido depreciativo usando-se para referir uma suposta inferioridade (numérica ou institucional), insignificância ou irrelevância.
Origem: Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão "gatos pingados" passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento.

METER UMA LANÇA EM ÁFRICA
Significado: Conseguir realizar um empreendimento que se afigurava difícil; levar a cabo uma empresa difícil.
Origem: Expressão vulgarizada pelos exploradores europeus, principalmente portugueses, devido às enormes dificuldades encontradas ao penetrar o continente africano. A resistência dos nativos causava aos estranhos e indesejáveis visitantes baixas humanas. Muitas vezes retrocediam face às dificuldades e ao perigo de serem dizimados pelo inimigo que eles mal conheciam e, pior de tudo, conheciam mal o seu terreno. Por isso, todos aqueles que se dispusessem a fazer parte das chamadas "expedições em África", eram considerados destemidos e valorosos militares, dispostos a mostrar a sua coragem, a guerrear enfrentando o incerto, o inimigo desconhecido. Portanto, estavam dispostos a " meter uma lança em África".

QUEIMAR AS PESTANAS
Significado: Estudar muito.
Origem: Usa-se ainda esta expressão, apesar de o facto real que a originou já não ser de uso. Foi, inicialmente, uma frase ligada aos estudantes, querendo significar aqueles que estudavam muito. Antes do aparecimento da electricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar azo a " queimar as pestanas".

Perfeição

O homem do talho estava a encerrar o seu trabalho e ficou realmente surpreso quando um cão entrou no talho. Ele espantou o cão, mas logo em seguida o cão voltou. Novamente ele tentou espantar o cão, e foi quando viu que o cão trazia um bilhete na boca.

O homem pegou o bilhete e leu: " 12 salsichas e uma perna de carneiro, por favor". O cão trazia o dinheiro na boca também. Ele olhou e viu que dentro da boca do cão havia uma nota de 20€.
Então ele pegou o dinheiro, separou as salsichas e a perna de carneiro, colocou tudo numa embalagem plástica, depois numa saca, junto com o troco, e pôs no pescoço do cão.

O homem ficou impressionado e como já era mesmo hora de fechar o talho, ele decidiu seguir o cão. E foi o que ele fez.

O cão começou a descer a rua e quando chegou ao cruzamento, ele deixou a saca no chão pulou e apertou o botão para fechar o sinal.

Esperou pacientemente com a saca no pescoço até que o sinal fechasse e ele pudesse atravessar. Ele atravessou a rua e caminhou até uma paragem de autocarro, com o homem sempre a segui-lo. Na paragem de autocarro o cão sentou no banco para esperar o autocarro.

Quando este chegou, o cão foi até a frente pára conferir o número e voltou para o seu lugar. Outro autocarro chegou e ele tornou a olhar, viu que aquele era o autocarro certo e entrou. O homem boquiaberto seguiu o cão.

Depois de algum tempo de viagem, o cão se levantou e ficou em pé nas duas patas traseiras e apertou o botão para descer, tudo isso com as compras ainda no pescoço. Ambos desceram do autocarro.

O homem e o cão foram caminhando pela rua, até que o cão parou numa casa e pôs as compras no passeio. Voltou um pouco para trás, correu e se atirou contra a porta. Tornou a fazer isso, mas ninguém lhe respondeu dentro da casa.

Então, o cão circundou a casa, pulou um muro baixo, foi até a janela, e começou a bater com a cabeça no vidro várias vezes. Depois disso, caminhou de volta para a porta, e foi quando um Senhor abriu a porta e começou a bater no cão. O homem correu até o Senhor (dono da casa) e o impediu dizendo:
"Por Deus do céu, o que você está fazendo? O seu cão é um génio!!!"

O homem respondeu: "Um génio? Esta já é a segunda vez nesta semana que este cão ESQUECE a chave!!!"

O quadro e o valor interior

O Quadro
Um homem havia pintado um lindo quadro.
No dia de apresentá-lo ao público, convidou todo mundo para vê-lo.
Compareceram as autoridades locais, fotógrafos, jornalistas, e muita gente, pois o pintor era muito famoso e um grande artista.
Chegado o momento, o pano que encobria o quadro foi retirado.
Houveram calorosos aplausos.
Era uma impressionante figura de Jesus batendo suavemente à porta de uma casa.
O Cristo parecia vivo.
Com o ouvido junto à porta, Ele parecia querer ouvir se lá dentro alguém respondia.
Houveram discursos e elogios.
Todos admiravam aquela obra de arte.
Um observador curioso porém, achou uma falha no quadro: a porta não tinha fechadura.
E foi perguntar ao artista :
- Sua porta não tem fechadura ! Como se fará para abri-la ?
- É assim mesmo, respondeu o pintor, esta é a porta do coração humano. Só se abre do lado de dentro.

As moscas

Contam que certa vez duas moscas caíram num copo de leite. A primeira era forte e valente, assim logo ao cair nadou até a borda do copo, mas como a superfície era muito lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair. Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e de se debater e afundou.


Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte era tenaz, continuou a se debater a se debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos o leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca conseguiu, com muito esforço, subir e dali levantar voo para algum lugar seguro.

Durante anos, ouvi esta primeira parte da história como um elogio à persistência, que, sem dúvida, é um hábito que nos leva ao sucesso, no entanto...


Tempos depois a mosca, por descuido ou acidente, novamente caiu no copo. Como já havia aprendido em sua experiência anterior, começou a se debater, na esperança de que, no devido tempo, se salvaria. Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou:

"Tem um canudo ali, nade até lá e suba pelo canudo".


A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, baseando-se na sua experiência anterior de sucesso, continuou a se debater e a se debater, até que, exausta afundou no copo cheio ... de água.

Resolução de Conflitos

O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa tarde de primavera. Nosso vagão estava comparativamente vazio: apenas algumas donas de casa com seus filhos e uns velhos indo fazer compras. Eu olhava distraído pela janela a monotonia das casas sempre iguais e das sebes cobertas de poeira.

Chegando a uma estação, as portas se abriram e, de repente, a quietude da tarde foi rompida por um homem que entrou cambaleando no nosso vagão, gritando com violência imprecações incompreensíveis. Era um homem forte, encorpado, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo. Aos berros, esbofeteou uma mulher que carregava um bebezinho. A força do tapa fez com que ela fosse cair no colo de um casal idoso. Só por um milagre nada aconteceu ao bebê.

Aterrorizado, o casal deu um pulo e fugiu correndo para a outra extremidade do vagão. O operário tentou ainda dar um pontapé na velha, mas errou a mira e ela conseguiu escapar. Isso o deixou em tal estado de fúria que agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arrancá-la do balaústre. Pude ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava. O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo. Eu me levantei.

Na época, cerca de vinte anos atrás, eu era jovem e estava em excelente forma física. Vinha treinando oito horas de Aikidô quase todos os dias há quase três anos. Gostava de lutar corpo a corpo e me considerava bom de briga. O problema é que minhas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade.

Nós, alunos de Aikidô somos proibidos de lutar.

"Aikido", - meu mestre não cansava de repetir, "é a arte da reconciliação. Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o Universo. Se tentarem dominar as pessoas, estarão derrotados de antemão. Nós estudamos como resolver conflitos, não como iniciá-los."

Eu ouvia essas palavras e me esforçava. Chegava a atravessar a rua para evitar os arruaceiros, os pungas dos videogames que costumam vadiar perto das estações de trem. Ficava exaltado com minha própria tolerância e me considerava um valentão reverente, piedoso mesmo. No fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade absolutamente legítima em que pudesse salvar os inocentes destruindo os culpados.

- Chegou o dia! - pensei comigo mesmo enquanto me levantava. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo.
Quando me viu levantando, o bêbado percebeu a chance de canalizar a sua ira.

- Ah! - rugiu ele. – Um estrangeiro! Você está precisando de uma lição em boas maneiras japonesas!

Eu estava de pé, segurando de leve nas alças presas ao teto do vagão, e lancei-lhe um olhar de nojo e desprezo. Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele me agredisse primeiro. Queria que ficasse com raiva, por isso curvei os lábios e mandei-lhe um beijo insolente.

- Agora chega! – gritou ele. – Você vai levar uma lição. – E se preparou para me atacar.

Mas uma fração de segundo antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um berro:
- Ei!

Foi um grito estridente, mas lembro-me que tinha um estranho timbre, jubiloso e cadenciado, como quando estamos procurando alguma coisa junto com um amigo e ele subitamente a encontra: "Ei!"

Virei para a esquerda, o bêbado para a direita. Nós dois olhamos para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos. Esse minúsculo senhor devia ter bem mais de setenta anos, e vestia um quimono impecável. Não me deu a menor atenção, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importantíssimo e delicioso segredo para lhe contar.

- Venha aqui – disse o velhinho num tom coloquial e amistoso. – Vem aqui conversar comigo – insistiu, chamando-o com um aceno de mão.

O homenzarrão obedeceu, mas postou os pés beligerantemente diante dele e gritou por cima do barulho das rodas nos trilhos:

- Por que diabos vou conversar com você?

Ele agora estava de costas para mim. Se o seu cotovelo se movesse um milímetro que fosse eu o esmagaria. Mas o velhinho continuou sorrindo para o operário.

- O que você andou bebendo? – perguntou com os olhos brilhando de interesse.

- Saquê – rosnou de volta o operário – e não é da sua conta! – completou, lançando perdigotos no rosto do velho.

- Que ótimo – retrucou o velho. – Excelente mesmo. Eu também adoro saquê! Todas as noites, eu e minha esposa aquecemos uma garrafinha de saquê e vamos até o jardim nos sentar num velho banco de madeira. Ficamos olhando o pôr-do-sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro. Foi meu bisavô quem plantou essa árvore, e estávamos preocupados achando que ela não fosse se recuperar das tempestades de gelo do último inverno. Mas a nossa arvorezinha saiu-se melhor do que esperávamos, ainda mais se considerarmos a má qualidade do solo. É gratificante olhar para ela quando levamos uma garrafinha de saquê para apreciar o final da tarde, mesmo quando chove!

E olhava para o operário, seus olhos reluzentes. O rosto do operário, que se esforçava para acompanhar a conversa do velhinho, foi se abrandando e seus punhos pouco a pouco relaxando.

- É, é bom. Eu também gosto de caqui (diospiro em Portugal)... – mas sua voz acabou num sumiço.

- São deliciosos – concordou o velho sorrindo. – E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa.

- Não – retrucou o operário. – Minha esposa morreu.
Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar.

- Eu não tenho esposa, eu não tenho casa, eu não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo.

Lágrimas escorriam pelo seu rosto; um frêmito de desespero percorreu-lhe o corpo.
Chegara a minha vez. Lá estava eu, com toda a minha imaculada inocência juvenil, com toda a minha vontade de tornar o mundo um lugar melhor para se viver, sentindo-me de repente mais sujo do que ele.

O trem chegou à minha estação. Enquanto as portas se abriam, ouvi o velho dizer solidariamente:
- Minha nossa, que desgraça. Sente-se aqui comigo e me diga o que houve.
Voltei-me para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco, a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos.

Enquanto o trem se afastava, sentei-me num banco da estação. O que eu pretendera resolver pela força fora alcançado com algumas palavras meigas. Eu acabara de presenciar o Aikido num combate de verdade, e a sua essência era o Amor. A partir de agora teria que praticar a arte com um espírito totalmente diferente. Muito tempo passaria antes que eu voltasse a falar sobre a resolução de conflitos.

História de Terry Dobson

Extraído do livro: Histórias da Alma: Histórias do Coração - Christina Feldman & Jack Kornfield

O peso que insistimos em carregar

UM COPO DE ÁGUA
Um conferencista falava sobre gerenciamento da tensão.

Levantou um copo com água e perguntou à platéia,
- Quanto vocês acham que pesa este copo d'água?

As respostas variaram entre 20gr e até 500gr.

O conferencista, então, comentou,
- Não importa o peso absoluto.
Depende de por quanto tempo vou segurá-lo.
Se eu seguro por um minuto, tudo bem.
Se eu seguro durante uma hora, eu terei uma dor no meu braço.
Se eu seguro durante um dia inteiro, você terá que me chamar uma ambulância.
E é exatamente o mesmo peso, mas quanto mais tempo eu passo segurando-o, mais pesado vai ficando.

E concluiu,
- Se carregamos nossos pesos o tempo todo, mais cedo ou mais tarde, nós não seremos mais capazes de continuar, a carga vai tornando-se crescentemente mais pesada.
O que você tem que fazer é deixar o copo em algum lugar e descansar um pouco antes de segurá-lo novamente.
Temos que deixar a carga de lado periodicamente, do jeito que puder!
É reconfortante e nos torna capazes de continuar.

Então antes de você voltar do trabalho para casa hoje à noite, deixe o peso do trabalho num canto.
Não o carregue para casa.
Você poderá recolhê-lo amanhã.

A vida é curta, aproveite-a!

Este peso pode significar muitas coisas…