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segunda-feira, 23 de abril de 2012

No tempo da minha infância


No tempo da minha infância
(Ismael Gaião)

No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal

Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria

A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade

Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração

Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido

Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir

Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança

No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado

Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria

Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira

Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado

Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos

Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras

Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão

Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé

Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar

Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão

Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia

O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço

E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira

Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar

Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade

Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança

A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez.

domingo, 22 de abril de 2012

As primeiras páginas dos jornais de hoje em todo o mundo.


As primeiras páginas dos jornais de hoje em todo o mundo.
Cada bolinha laranja nos mapas dos continentes são jornais de cidades daquele estado ou País.
Você clica e todos os dias tem a 1ª página de cada jornal.
Ao posicionar sobre a bolinha desejada, ao lado aparece a 1ª página dos jornais.
Clicando sobre a bolinha, você tem a página em tamanho maior, para facilitar a sua visualização.
E na parte superior da página ampliada está o link para aceder o jornal!

Revista VEJA acervo


Para quem gosta de ler, deixo aqui um link muito interessante.

É um acervo digital de todas as revistas VEJA desde 1968, muito bom...


sábado, 21 de abril de 2012

Momento inesquecível

Adorei esta frase que me enviaram agora para o telemóvel.

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim, nem que eu faça a falta que elas me fazem. O importante para mim é saber que eu, em algum pequeno momento, fui insubstituível, e que esse momento será inesquecível. (Fernando Pessoa)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Diferenças


Pessoas brilhantes falam sobre idéias.
Pessoas medíocres falam sobre coisas.
Pessoas pequenas falam sobre outras pessoas...

reflexão: o que você a falar nos últimos tempos?

quinta-feira, 19 de abril de 2012

As neves do Kilimanjaro


As neves do Kilimanjaro  (Les neiges du Kilimandjaro )

Diretor: Robert Guédiguian

Elenco: Ariane Ascaride, Jean-Pierre Darroussin, Gérard Meylan
 França (2011)


Eis aqui um filme que chega como quem não quer nada e, pouco a pouco, vai invadindo o coração... Um filme para falar à geração dos militantes políticos ( mais propriamente dos militantes sindicais e da geração de 68) engajados em um mundo em que a utopia transformadora foi sendo engolida pela globalização. Um filme belíssimo, para fazer pensar. E talvez também repensar a vida e os projetos do futuro. Não se surpreendam se lágrimas furtivas rolarem pelos rostos dos mais sensíveis.

Marie-Claire e Michel formam um casal de um outro mundo. Apesar de viverem em Marselha no século XXI, seus valores podem soar tão retrô quanto a máquina de escrever, o telefone fixo ou histórias de amor com finais felizes “para sempre”.
Idealistas e generosos, sobrevivem às margens do individualismo desenfreado e da velocidade dos tempos que correm via internet. Ele é militante sindical e, apesar da imunidade do cargo, sorteia o próprio nome de uma lista de demissões, aumentando assim a legião de desempregados da crise europeia. A mulher ajuda nas despesas como acompanhante de idosos. Sábia e solidária, parece preparada para o futuro: “Em casa, nenhum homem é herói”, conforma-se, enquanto tenta animar o entediado marido precocemente aposentado.
“Les neiges du Kilimandjaro” (no original) não é um remake da superprodução de 1952, com direção de Victor King, baseada em novela de Ernest Hemingway, estrelada por Gregory Peck e Ava Gardner. A inspiração, no caso, retrocede ao poema “Les pauvres gens”, de  Victor Hugo (1802-1885), gatilho para o diretor Robert Guédiguian mirar e acertar, novamente, em seus elementos mais pessoais: a cidade em que nasceu, os conflitos de periferia (o pai, imigrante armênio, trabalhava no porto), um estilo sem rebuscamento e a fidelidade a um elenco, começando pela extraordinária Ariane Ascaride, parceira do diretor na vida real, e Jean Pierre Darroussin, ambos comoventes como o casal que, apesar dos prognósti$, estará distante de uma vida tranquila.

A trama se desenvolve em dois atos: o primeiro termina com uma festa de aniversário de casamento, na qual Marie-Claire e Michel ganham dos filhos um alentado safári na Tanzânia, terra do monte Kilimanjaro, tema de canção francesa de sucesso nos turbulentos anos 1960, entoada com brio na celebração. Dias depois, um roubo violento levará as passagens, o dinheiro, o sonho, e $á o casal a um contundente confronto com suas convicções, que envolvem a identidade do assaltante e, sobretudo, seus dois irmãos menores. Tem início um desconcertante segundo round.
Pelo humanismo sem pieguice de “Marius e Jeannette”, “A cidade está tranquila”, “Marie-Jo e seus dois amores”, alguns títulos de sua numerosa filmografia, Guédiguian compartilha o ideário do fim das utopias de realizadores ingleses como Ken $e Mike Leigh. “As neves do Kilimanjaro” aproxima-se também de produções recentes, como “O porto”, de Aki Kaurismäki (em que Darroussin interpreta o delegado Monet), e “O garoto da bicicleta”, de Jean-Pierre e Luc Dardenne. Em comum, a aposta na desvalorizada capacidade de se colocar no lugar do outro — coincidentemente, três meninos pré-adolescentes. Guédiguian aproxima-se também do iraniano “A separação” ao dar voz, sem ma$ísmos, aos vários lados de uma questão complexa e deixar a decisão para o espectador.
Além de “ouvir” parentes, filhos e amigos do casal, o diretor escuta também as discutíveis razões do agressor Christophe (Grégoire Leprince-Ringuet) e a poderosa catarse da sua mãe (Karole Rocher), personagens que contribuem para embaralhar visões de mundo e de gerações. Mas também há lugar para momentos de suavidade e humor, como as refrescantes lições de vida (e bebida) ministradas por inspirado barman (Pierre Niney), prova de que, em cinema, não há pequenos papéis — apenas papéis mal aproveitados.
Alma lavada
Algumas mensagens sociopolíticas carregadas no vermelho podem parecer anacrônicas sob o império da globalização, mas a convicção dos personagens e o realismo das situações de temática universal constroem um filme de forte carga emocional e possibilidades reflexivas.
Mesmo correndo o risco de serem rotulados, por alguns, como dinossauros em extinção, Michel e Marie-Claire emergem do confronto como vitoriosos éticos e morais. Idealizados? Talvez, um pouco. Verdadeiros? Sem dúvida, e bem mais complexos do que aparentam — as pessoas comprometidas com o outro nunca são simples. De lavar a alma. (Susana Schild/ O Globo)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

ABCD e as palavras certas duma oração

Uma lenda conta que um grupo de pessoas rezava numa igreja, quando começaram a ouvir uma criança dizendo :
"A, B, C, D,....".
Aos poucos, todos foram parando de rezar.
Quando olharam para trás, viram um menino que continuava dizendo "A, B, C, D,..."
O rabino se aproximou do garoto:
"Porque você está fazendo isto?", perguntou.
"Porque não sei os versos sagrados" - respondeu o menino -
"então tenho a esperança que recitando o alfabeto, Deus pegue essas letras e forme as palavras corretas."
"Obrigado por essa lição", disse o rabino para o garoto.
"Obrigado por me lembrar que Deus escuta o que vem de nosso coração, e não as palavras que saem da nossa boca"