Muito necessária/útil esta metáfora do Mandarim.
Ainda há quem não tenha percebido que é necessário HUMILDAR-SE, que não é o mesmo que humilhar-se.
"Um dia um homem recebeu a notícia de que foi nomeado mandarim.
Ficou tão eufórico que não se conteve.
- Serei um grande homem agora - disse a um amigo. - Preciso de roupas novas imediatamente, roupas que façam jus à minha nova posição na vida.
- Conheço o alfaiate perfeito para você - disse o amigo. - É um velho sábio que sabe dar a cada cliente o corte perfeito. Vou lhe dar o endereço.
E o novo mandarim foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou as suas medidas. Depois de guardar a fita métrica, o homem disse:
- Há mais uma informação que preciso saber. Há quanto tempo o senhor é mandarim?
- Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu manto?
- Não posso fazê-lo sem obter essa informação, senhor. É que mandarim recém-nomeado fica tão deslumbrado com o cargo que mantém a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito. Assim sendo, tenho que fazer a parte da frente maior que a parte de trás.
Anos mais tarde, quando está ocupado com seu trabalho e os transtornos advindos da experiência o tornam SENSATO, e ele olha adiante para ver o que vem na sua direção e o que precisa ser feito a seguir, aí então eu costuro o manto de modo que a parte da frente e a de trás tenham o mesmo comprimento.
E mais tarde, depois que o seu corpo está curvado pela idade e pelos anos ao serviço, sem mencionar a humildade adquirida através de uma vida de esforços, então faço o manto de forma que as costas fiquem mais longas que a frente.
Portanto, tenho que saber há quanto tempo o senhor está no cargo para que a roupa lhe assente apropriadamente.
O novo mandarim saiu da loja pensando menos no manto e mais no motivo que levara seu amigo a mandá-lo procurar exatamente aquele alfaiate."
Do livro: O Livro das Virtudes II - O Compasso Moral (pág. 650/651)
William J. Bennett - Editora Nova Fronteira