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terça-feira, 31 de dezembro de 2013
domingo, 29 de dezembro de 2013
A Arte de Philippe Faraut
“ARTE ESPETACULAR” DE PHILIPPE, QUE É UM ARTISTA FRANCÊS ESPECIALIZADO EM ESCULTURAS HUMANAS EM TAMANHO NATURAL E MONUMENTAIS ESCULTURAS EM PEDRA.
OS SEUS MATERIAIS ESCOLHIDOS SÃO A ARGILA À BASE DE ÁGUA E O MÁRMORE. MINISTRA AULAS NOS ESTADOS UNIDOS E CANADÁ.
sábado, 28 de dezembro de 2013
Assembleia na Carpintaria
Assembléia na carpintaria
Contam que na carpintaria houve uma vez uma estranha assembléia.
Foi uma reunião de ferramentas para acertar suas diferenças.
Um martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar.
A causa?
Fazia demasiado barulho; e além do mais, passava todo o tempo golpeando.
O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo.
Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.
A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.
Nesse momento entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso.
Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel.
Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão.
Foi então que o serrote tomou a palavra e disse:
"Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos, e concentremo-nos em nossos pontos fortes."
A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas, e o metro era preciso e exato.
Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade.
Sentiram alegria pela oportunidade de trabalhar juntos.
Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar e comprovar.
Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa; ao contrário, quando se busca com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores conquistas humanas.
É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo.
Mas encontrar qualidades... isto é para os sábios!!!!
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Escutatória
Escutatória - Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade: A gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração... E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Vejam a semelhança...
Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam em silêncio...Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos... Pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades.
Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.
Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.
E, assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência...
E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade: A gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração... E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Vejam a semelhança...
Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam em silêncio...Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos... Pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades.
Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.
Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.
E, assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência...
E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
domingo, 22 de dezembro de 2013
As moscas e a teimosia
Contam que certa vez duas moscas caíram num copo de leite.
A primeira era forte e valente, assim logo ao cair nadou até a borda do copo, mas como a superfície era muito lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair.
Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e de se debater e afundou. Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte era tenaz, continuou a se debater a se debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos o leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca conseguiu, com muito esforço, subir e dali levantar voo para algum lugar seguro.
Durante anos, ouvi esta primeira parte da história como um elogio à persistência, que, sem dúvida, é um hábito que nos leva ao sucesso, no entanto...
Tempos depois a mosca, por descuido ou acidente, novamente caiu no copo.
Como já havia aprendido em sua experiência anterior, começou a se debater, na esperança de que, no devido tempo, se salvaria.
Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou: "Tem um canudo ali, nade até lá e suba pelo canudo".
A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, baseando-se na sua experiência anterior de sucesso, continuou a se debater e a se debater, até que, exausta afundou no copo cheio ... de água.
A primeira era forte e valente, assim logo ao cair nadou até a borda do copo, mas como a superfície era muito lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair.
Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e de se debater e afundou. Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte era tenaz, continuou a se debater a se debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos o leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca conseguiu, com muito esforço, subir e dali levantar voo para algum lugar seguro.
Durante anos, ouvi esta primeira parte da história como um elogio à persistência, que, sem dúvida, é um hábito que nos leva ao sucesso, no entanto...
Tempos depois a mosca, por descuido ou acidente, novamente caiu no copo.
Como já havia aprendido em sua experiência anterior, começou a se debater, na esperança de que, no devido tempo, se salvaria.
Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou: "Tem um canudo ali, nade até lá e suba pelo canudo".
A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, baseando-se na sua experiência anterior de sucesso, continuou a se debater e a se debater, até que, exausta afundou no copo cheio ... de água.
Mentes Ansiosas - psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva
Em Mentes Ansiosas – Medo e ansiedade além dos limites, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva -
autora de Mentes Perigosas, Mentes e Manias, Bullying – Mentes Perigosas na Escola e Mentes Inquietas -
fala sobre os transtornos causados pelo medo e a ansiedade.
A diferença entre os dois sentimentos e como eles podem dominar a vida das pessoas são algumas das questões pelo livro.
"Até que ponto o medo é necessário para a nossa sobrevivência?
Qual a dose de medo saudável? Quando o medo vira uma doença?".
A partir destes questionamentos sobre um sentimento comum a todos os seres humanos, independente da idade ou da posição social, autora inicia o livro em busca de respostas, com base em sua experiência clínica.
Segundo estudos internacionais, os transtornos relacionados à ansiedade afetam entre 15 e 25% da população.
Isso significa que, num grupo de cinco pessoas, é bem provável que uma sofra de síndrome do pânico, estresse pós-traumático, ansiedade crônica, fobias ou TOC.
Todos esses distúrbios estão relacionados a níveis patológicos de angústia e preocupação - quando o medo e a ansiedade em excesso trazem prejuízos expressivos ao indivíduo.
Conforme estabelece a Associação de Psiquiatria Americana, os transtornos de ansiedade podem aparecer de diversas formas e com diferentes graus de intensidade:
1 - Súbitos ataques de pânico, que podem evoluir para o transtorno do pânico.
2 - Fobia social ou timidez patológica, na qual as pessoas percebem ameaças potenciais em situações sociais e em exposição ao público.
3 - Medos diversos ou fobias simples, cuja ameaça provém de estímulos bem específicos (animais, lugares fechados, chuvas, avião, etc.)
4 - Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), quando se vive experiências traumáticas significativas (seqüestros, perdas de entes queridos, acidentes, etc.)
5 - Transtorno de ansiedade generalizada (TAG), que se caracteriza por um estado permanente de ansiedade, sem qualquer associação direta com situações ou objetos específicos
6 - Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), no qual a mente é invadida por pensamentos intrusivos e sempre de conteúdo ruim (obsessões), que desencadeiam rituais repetitivos e exaustivos (compulsões), na tentativa de exorcizar tais ideias.
Mentes Ansiosas oferece explicações claras sobre o que acontece quando a ansiedade e o medo extrapolam os limites da normalidade e como é possível superar os distúrbios, além de trazer ferramentas para a compreensão das origens da ansiedade e do medo e para o enfrentamento do que pode vir a ser o maior inimigo de muitos indivíduos: as preocupações incessantes que teimam em assolar a mente humana
autora de Mentes Perigosas, Mentes e Manias, Bullying – Mentes Perigosas na Escola e Mentes Inquietas -
fala sobre os transtornos causados pelo medo e a ansiedade.
A diferença entre os dois sentimentos e como eles podem dominar a vida das pessoas são algumas das questões pelo livro.
"Até que ponto o medo é necessário para a nossa sobrevivência?
Qual a dose de medo saudável? Quando o medo vira uma doença?".
A partir destes questionamentos sobre um sentimento comum a todos os seres humanos, independente da idade ou da posição social, autora inicia o livro em busca de respostas, com base em sua experiência clínica.
Segundo estudos internacionais, os transtornos relacionados à ansiedade afetam entre 15 e 25% da população.
Isso significa que, num grupo de cinco pessoas, é bem provável que uma sofra de síndrome do pânico, estresse pós-traumático, ansiedade crônica, fobias ou TOC.
Todos esses distúrbios estão relacionados a níveis patológicos de angústia e preocupação - quando o medo e a ansiedade em excesso trazem prejuízos expressivos ao indivíduo.
Conforme estabelece a Associação de Psiquiatria Americana, os transtornos de ansiedade podem aparecer de diversas formas e com diferentes graus de intensidade:
1 - Súbitos ataques de pânico, que podem evoluir para o transtorno do pânico.
2 - Fobia social ou timidez patológica, na qual as pessoas percebem ameaças potenciais em situações sociais e em exposição ao público.
3 - Medos diversos ou fobias simples, cuja ameaça provém de estímulos bem específicos (animais, lugares fechados, chuvas, avião, etc.)
4 - Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), quando se vive experiências traumáticas significativas (seqüestros, perdas de entes queridos, acidentes, etc.)
5 - Transtorno de ansiedade generalizada (TAG), que se caracteriza por um estado permanente de ansiedade, sem qualquer associação direta com situações ou objetos específicos
6 - Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), no qual a mente é invadida por pensamentos intrusivos e sempre de conteúdo ruim (obsessões), que desencadeiam rituais repetitivos e exaustivos (compulsões), na tentativa de exorcizar tais ideias.
Mentes Ansiosas oferece explicações claras sobre o que acontece quando a ansiedade e o medo extrapolam os limites da normalidade e como é possível superar os distúrbios, além de trazer ferramentas para a compreensão das origens da ansiedade e do medo e para o enfrentamento do que pode vir a ser o maior inimigo de muitos indivíduos: as preocupações incessantes que teimam em assolar a mente humana
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
A Paz e a consciência tranquila
A Paz
Certa vez houve um concurso de pintura e o primeiro lugar seria dado ao quadro que melhor representasse a paz.
Ficaram, dentre muitos, três finalistas igualmente empatados.
O primeiro retratava uma imensa pastagem com lindas flores e borboletas que bailavam no ar acariciadas por uma brisa suave.
O segundo mostrava pássaros a voar sob nuvens brancas como a neve em meio ao azul anil do céu.
O terceiro mostrava um grande rochedo sendo açoitado pela violência das ondas do mar em meio a uma tempestade estrondosa e cheia de relâmpagos.
Mas para surpresa e espanto dos finalistas, o escolhido foi o terceiro quadro, o que retratava a violência das ondas contra o rochedo.
Indignados, os dois pintores que não foram escolhidos, questionaram o juiz que deu o voto de desempate:
- Como este quadro tão violento pode representar a paz, Sr. Juiz?
E o juiz, com uma serenidade muito grande no olhar, disse
- Vocês repararam que em meio à violência das ondas e à tempestade há, numa das fendas do rochedo, um passarinho com seus filhotes dormindo tranquilamente?
E os pintores sem entender responderam:
- Sim, mas... - antes que eles concluíssem a frase, o juiz ponderou
- Caros amigos, a verdadeira paz é aquela que mesmo nos momentos mais difíceis nos permite repousar tranqüilos.
Talvez muitas pessoas não consigam entender como pode reinar a paz em meio à tempestade, mas não é tão difícil de compreender.
Considerando que a paz é um estado de espírito podemos concluir que, se a consciência está tranqüila, tudo à volta pode estar em revolução que conseguiremos manter nossa serenidade.
Fazendo uma comparação com o quadro vencedor, poderíamos dizer que o ninho do pássaro que repousava serenamente com seus filhotes, representa a nossa consciência.
A consciência é um refúgio seguro, quando nada tem que nos reprove.
E também pode acontecer o contrário: tudo à volta pode estar tranquilo e nossa consciência arder em chamas.
A consciência, portanto, é um tribunal implacável, do qual não conseguiremos fugir, porque está em nós.
É ela que nos dará possibilidades de permanecer em harmonia íntima, mesmo que tudo à volta ameace desmoronar, ou acuse sinais de perigo solicitando correção.
Sendo assim, a paz não será implantada por decretos nem por ordens exteriores, mas será a conquista individual de cada ser dentro de sua própria intimidade.
Certa vez houve um concurso de pintura e o primeiro lugar seria dado ao quadro que melhor representasse a paz.
Ficaram, dentre muitos, três finalistas igualmente empatados.
O primeiro retratava uma imensa pastagem com lindas flores e borboletas que bailavam no ar acariciadas por uma brisa suave.
O segundo mostrava pássaros a voar sob nuvens brancas como a neve em meio ao azul anil do céu.
O terceiro mostrava um grande rochedo sendo açoitado pela violência das ondas do mar em meio a uma tempestade estrondosa e cheia de relâmpagos.
Mas para surpresa e espanto dos finalistas, o escolhido foi o terceiro quadro, o que retratava a violência das ondas contra o rochedo.
Indignados, os dois pintores que não foram escolhidos, questionaram o juiz que deu o voto de desempate:
- Como este quadro tão violento pode representar a paz, Sr. Juiz?
E o juiz, com uma serenidade muito grande no olhar, disse
- Vocês repararam que em meio à violência das ondas e à tempestade há, numa das fendas do rochedo, um passarinho com seus filhotes dormindo tranquilamente?
E os pintores sem entender responderam:
- Sim, mas... - antes que eles concluíssem a frase, o juiz ponderou
- Caros amigos, a verdadeira paz é aquela que mesmo nos momentos mais difíceis nos permite repousar tranqüilos.
Talvez muitas pessoas não consigam entender como pode reinar a paz em meio à tempestade, mas não é tão difícil de compreender.
Considerando que a paz é um estado de espírito podemos concluir que, se a consciência está tranqüila, tudo à volta pode estar em revolução que conseguiremos manter nossa serenidade.
Fazendo uma comparação com o quadro vencedor, poderíamos dizer que o ninho do pássaro que repousava serenamente com seus filhotes, representa a nossa consciência.
A consciência é um refúgio seguro, quando nada tem que nos reprove.
E também pode acontecer o contrário: tudo à volta pode estar tranquilo e nossa consciência arder em chamas.
A consciência, portanto, é um tribunal implacável, do qual não conseguiremos fugir, porque está em nós.
É ela que nos dará possibilidades de permanecer em harmonia íntima, mesmo que tudo à volta ameace desmoronar, ou acuse sinais de perigo solicitando correção.
Sendo assim, a paz não será implantada por decretos nem por ordens exteriores, mas será a conquista individual de cada ser dentro de sua própria intimidade.
sábado, 14 de dezembro de 2013
Os 3 filtros
Certo dia, o grande filósofo Sócrates se encontrou com um conhecido que lhe disse:
- Sócrates, sabe o que acabo de ouvir sobre um de seus alunos?
- Um momento, respondeu Sócrates. Antes de me dizer, gostaria que você passasse por um pequeno teste.
Chama-se "Teste dos 3 filtros".
- Três filtros? - Sim, continuou Sócrates.
Antes de me contar o que quer que seja sobre o meu aluno, é bom pensar um pouco e filtrar o que vais me dizer.
O primeiro filtro é o da Verdade. Estás completamente seguro de que o que me vai dizer é verdade? - Bem... Acabo de saber...
- Então, sem saber se é verdade, ainda assim quer me contar?
Vamos ao segundo filtro, que é o da Bondade.
Quer me contar algo de bom sobre meu aluno?
- Não, pelo contrário.
- Então, interrompeu Sócrates, queres me contar algo de ruim sobre ele, que não sabes se é verdade!
Ora veja! Ainda podes passar no teste, pois ainda resta o terceiro filtro, que é o da Utilidade.
O que queres me contar vai ser útil para mim ou para ele?
- Acho que não muito.
- Portanto, concluiu Sócrates, se o que você quer me contar pode não ser verdade, não ser bom e não ser útil, então para que contar?
E eu completo: Para que ouvir?
- Sócrates, sabe o que acabo de ouvir sobre um de seus alunos?
- Um momento, respondeu Sócrates. Antes de me dizer, gostaria que você passasse por um pequeno teste.
Chama-se "Teste dos 3 filtros".
- Três filtros? - Sim, continuou Sócrates.
Antes de me contar o que quer que seja sobre o meu aluno, é bom pensar um pouco e filtrar o que vais me dizer.
O primeiro filtro é o da Verdade. Estás completamente seguro de que o que me vai dizer é verdade? - Bem... Acabo de saber...
- Então, sem saber se é verdade, ainda assim quer me contar?
Vamos ao segundo filtro, que é o da Bondade.
Quer me contar algo de bom sobre meu aluno?
- Não, pelo contrário.
- Então, interrompeu Sócrates, queres me contar algo de ruim sobre ele, que não sabes se é verdade!
Ora veja! Ainda podes passar no teste, pois ainda resta o terceiro filtro, que é o da Utilidade.
O que queres me contar vai ser útil para mim ou para ele?
- Acho que não muito.
- Portanto, concluiu Sócrates, se o que você quer me contar pode não ser verdade, não ser bom e não ser útil, então para que contar?
E eu completo: Para que ouvir?
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Sistema cardiovascular - uma obra de arte dentro de cada corpo
http://www.thevisualmd.com/health_centers/cardiovascular_health/cardiovascular_continuum
domingo, 8 de dezembro de 2013
O perigo das pressuposições
Abriu a porta e viu uma pessoa amiga que há muito não via.
Estranhou que ele viesse acompanhado de um cão. Cão forte, saltitante e com ar agressivo.
Cumprimentou o amigo efusivamente. - Quanto tempo! - Quanto tempo – ecoou o outro.
O cão aproveitou a saudação e entrou casa adentro.
Logo um barulho na cozinha demonstrava que ele tinha virado qualquer coisa.
O dono da casa encompridou as orelhas.
O amigo visitante, porém, nada comentou. - A última vez que nos vimos foi em... e a conversa continuava animada.
O cão passou pela sala, entrou no quarto, e novo barulho, desta vez de coisa quebrada.
Houve um sorriso amarelo do dono da casa, mas perfeita indiferença do visitante. - Há um tempo atrás encontrei com... você se lembra dele?
O cão saltou sobre um móvel, derrubou um objecto, logo trepou as patas sujas no sofá e deixou a marca digital e indelével de seu crime.
Os dois amigos, tensos, agora fingiram não perceber, sem saber exactamente o que deviam fazer.
Por fim, o visitante despediu-se e já ia saindo quando o dono da casa perguntou: - Não vai levar o seu cão?
- Cão? Ah, cão! Não é meu não.
Quando eu entrei, ele entrou comigo tão naturalmente que pensei que fosse seu.
Do livro: Histórias da Tradição Sufi - Editora Dervish
Estranhou que ele viesse acompanhado de um cão. Cão forte, saltitante e com ar agressivo.
Cumprimentou o amigo efusivamente. - Quanto tempo! - Quanto tempo – ecoou o outro.
O cão aproveitou a saudação e entrou casa adentro.
Logo um barulho na cozinha demonstrava que ele tinha virado qualquer coisa.
O dono da casa encompridou as orelhas.
O amigo visitante, porém, nada comentou. - A última vez que nos vimos foi em... e a conversa continuava animada.
O cão passou pela sala, entrou no quarto, e novo barulho, desta vez de coisa quebrada.
Houve um sorriso amarelo do dono da casa, mas perfeita indiferença do visitante. - Há um tempo atrás encontrei com... você se lembra dele?
O cão saltou sobre um móvel, derrubou um objecto, logo trepou as patas sujas no sofá e deixou a marca digital e indelével de seu crime.
Os dois amigos, tensos, agora fingiram não perceber, sem saber exactamente o que deviam fazer.
Por fim, o visitante despediu-se e já ia saindo quando o dono da casa perguntou: - Não vai levar o seu cão?
- Cão? Ah, cão! Não é meu não.
Quando eu entrei, ele entrou comigo tão naturalmente que pensei que fosse seu.
Do livro: Histórias da Tradição Sufi - Editora Dervish
Saber valorizar-se
Álvaro trabalhava em uma empresa. Funcionário sério, dedicado, cumpridor de suas obrigações e, por isso mesmo está com seus 20 anos de casa. Um belo dia, ele vai ao dono da empresa para fazer uma reclamação:
- Meu patrão, tenho trabalhado durante esses 20 anos em sua empresa com toda a dedicação, só que me sinto um tanto injustiçado. O Luis, que está connosco há somente três anos, está ganhando mais do que eu.
O patrão, fingindo não ouvi-lo disse:
- Foi bom vir aqui. Tenho um problema para resolver e você poderá fazê-lo. Estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o almoço de hoje. Ali na esquina tem uma barraca. Vá até lá e verifique se eles têm Melão.
Álvaro, sem entender direito, saiu da sala e foi cumprir a missão. Em cinco minutos estava de volta.
- E aí Álvaro? Perguntou o patrão.
- Verifiquei como o senhor mandou, se o moço tem Melão.
- E quanto custa?
- Isso eu não perguntei, não.
- Eles têm quantidade suficiente para atender a todos os funcionários do escritório? Quis saber o patrão.
- Também não perguntei isso, não.
- Há alguma outra fruta que possa substituir o Melão?
- Não sei não...Muito bem, Álvaro. Sente-se ali naquela cadeira e aguarde um pouco.
O patrão pegou o telefone e mandou chamar o Luis. Deu a ele a mesma orientação que dera ao Álvaro. Em poucos minutos, o Luis voltou.
- E então, Luis? Indagou o patrão.
- Eles têm Melão sim. Em quantidade suficiente para todo o nosso pessoal. E se senhor preferir, têm também laranja, banana, maçã e mamão a 1€ o quilo, o melão a 1,20€ a unidade, e a laranja a 20€ o cento, já descascadas. Mas como eu disse que a compra seria em grande quantidade, eles me concederam um desconto de 15%. Deixei reservado. Conforme o senhor decidir, volto lá e confirmo, explicou o Luis.
Agradecendo pelas informações, o patrão dispensou-o. Voltou-se para o Álvaro, que permaneceu sentado ao seu lado, e perguntou-lhe:
- Álvaro, o que foi que você estava mesmo me dizendo?
- Nada sério não, patrão. Esqueça, com sua licença.
E o Álvaro deixou a sala.
sábado, 7 de dezembro de 2013
A forma como se diz as coisas
Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes.
Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
- Que desgraça, senhor! - exclamou o adivinho
- Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
- Mas que insolente - gritou o sultão, enfurecido
- Como te atreves a dizer-me semelhante coisa?
Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem chicotadas.
Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.
Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
- Excelente senhor!
Grande felicidade vos está reservada.
O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho.
E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito.
Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem chicotadas e a você com cem moedas de ouro.
- Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer.
Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se.
Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.
Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida.
Mas a forma como ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas.
A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa.
Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta.
Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.
A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.
Ademais, será sábio de nossa parte, antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho.
E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento.
Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas.
Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
- Que desgraça, senhor! - exclamou o adivinho
- Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
- Mas que insolente - gritou o sultão, enfurecido
- Como te atreves a dizer-me semelhante coisa?
Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem chicotadas.
Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.
Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
- Excelente senhor!
Grande felicidade vos está reservada.
O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho.
E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito.
Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem chicotadas e a você com cem moedas de ouro.
- Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer.
Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se.
Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.
Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida.
Mas a forma como ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas.
A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa.
Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta.
Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.
A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.
Ademais, será sábio de nossa parte, antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho.
E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento.
Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Resolução de conflitos
Resolução de Conflitos
O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa tarde de primavera. Nosso vagão estava comparativamente vazio: apenas algumas donas de casa com seus filhos e uns velhos indo fazer compras. Eu olhava distraído pela janela a monotonia das casas sempre iguais e das sebes cobertas de poeira.
Chegando a uma estação, as portas se abriram e, de repente, a quietude da tarde foi rompida por um homem que entrou cambaleando no nosso vagão, gritando com violência imprecações incompreensíveis. Era um homem forte, encorpado, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo. Aos berros, esbofeteou uma mulher que carregava um bebezinho. A força do tapa fez com que ela fosse cair no colo de um casal idoso. Só por um milagre nada aconteceu ao bebê.
Aterrorizado, o casal deu um pulo e fugiu correndo para a outra extremidade do vagão. O operário tentou ainda dar um pontapé na velha, mas errou a mira e ela conseguiu escapar. Isso o deixou em tal estado de fúria que agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arrancá-la do balaústre. Pude ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava. O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo. Eu me levantei.
Na época, cerca de vinte anos atrás, eu era jovem e estava em excelente forma física. Vinha treinando oito horas de Aikidô quase todos os dias há quase três anos. Gostava de lutar corpo a corpo e me considerava bom de briga. O problema é que minhas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Nós, alunos de Aikidô somos proibidos de lutar.
"Aikido", - meu mestre não cansava de repetir, "é a arte da reconciliação. Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o Universo. Se tentarem dominar as pessoas, estarão derrotados de antemão. Nós estudamos como resolver conflitos, não como iniciá-los."
Eu ouvia essas palavras e me esforçava. Chegava a atravessar a rua para evitar os arruaceiros, os pungas dos videogames que costumam vadiar perto das estações de trem. Ficava exaltado com minha própria tolerância e me considerava um valentão reverente, piedoso mesmo. No fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade absolutamente legítima em que pudesse salvar os inocentes destruindo os culpados.
- Chegou o dia! - pensei comigo mesmo enquanto me levantava. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo.
Quando me viu levantando, o bêbado percebeu a chance de canalizar a sua ira.
- Ah! - rugiu ele. – Um estrangeiro! Você está precisando de uma lição em boas maneiras japonesas!
Eu estava de pé, segurando de leve nas alças presas ao teto do vagão, e lancei-lhe um olhar de nojo e desprezo. Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele me agredisse primeiro. Queria que ficasse com raiva, por isso curvei os lábios e mandei-lhe um beijo insolente.
- Agora chega! – gritou ele. – Você vai levar uma lição. – E se preparou para me atacar.
Mas uma fração de segundo antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um berro:
- Ei!
Foi um grito estridente, mas lembro-me que tinha um estranho timbre, jubiloso e cadenciado, como quando estamos procurando alguma coisa junto com um amigo e ele subitamente a encontra: "Ei!"
Virei para a esquerda, o bêbado para a direita. Nós dois olhamos para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos. Esse minúsculo senhor devia ter bem mais de setenta anos, e vestia um quimono impecável. Não me deu a menor atenção, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importantíssimo e delicioso segredo para lhe contar.
- Venha aqui – disse o velhinho num tom coloquial e amistoso. – Vem aqui conversar comigo – insistiu, chamando-o com um aceno de mão.
O homenzarrão obedeceu, mas postou os pés beligerantemente diante dele e gritou por cima do barulho das rodas nos trilhos:
- Por que diabos vou conversar com você?
Ele agora estava de costas para mim. Se o seu cotovelo se movesse um milímetro que fosse eu o esmagaria. Mas o velhinho continuou sorrindo para o operário.
- O que você andou bebendo? – perguntou com os olhos brilhando de interesse.
- Saquê – rosnou de volta o operário – e não é da sua conta! – completou, lançando perdigotos no rosto do velho.
- Que ótimo – retrucou o velho. – Excelente mesmo. Eu também adoro saquê! Todas as noites, eu e minha esposa aquecemos uma garrafinha de saquê e vamos até o jardim nos sentar num velho banco de madeira. Ficamos olhando o pôr-do-sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro. Foi meu bisavô quem plantou essa árvore, e estávamos preocupados achando que ela não fosse se recuperar das tempestades de gelo do último inverno. Mas a nossa arvorezinha saiu-se melhor do que esperávamos, ainda mais se considerarmos a má qualidade do solo. É gratificante olhar para ela quando levamos uma garrafinha de saquê para apreciar o final da tarde, mesmo quando chove!
E olhava para o operário, seus olhos reluzentes. O rosto do operário, que se esforçava para acompanhar a conversa do velhinho, foi se abrandando e seus punhos pouco a pouco relaxando.
- É, é bom. Eu também gosto de caqui... – mas sua voz acabou num sumiço.
- São deliciosos – concordou o velho sorrindo. – E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa.
- Não – retrucou o operário. – Minha esposa morreu.
Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar.
- Eu não tenho esposa, eu não tenho casa, eu não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo.
Lágrimas escorriam pelo seu rosto; um frêmito de desespero percorreu-lhe o corpo.
Chegara a minha vez. Lá estava eu, com toda a minha imaculada inocência juvenil, com toda a minha vontade de tornar o mundo um lugar melhor para se viver, sentindo-me de repente mais sujo do que ele.
O trem chegou à minha estação. Enquanto as portas se abriam, ouvi o velho dizer solidariamente:
- Minha nossa, que desgraça. Sente-se aqui comigo e me diga o que houve.
Voltei-me para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco, a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos.
Enquanto o trem se afastava, sentei-me num banco da estação. O que eu pretendera resolver pela força fora alcançado com algumas palavras meigas. Eu acabara de presenciar o Aikido num combate de verdade, e a sua essência era o Amor. A partir de agora teria que praticar a arte com um espírito totalmente diferente. Muito tempo passaria antes que eu voltasse a falar sobre a resolução de conflitos.
História de Terry Dobson
Extraído do livro: Histórias da Alma: Histórias do Coração - Christina Feldman & Jack Kornfield
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Livro: EU SOU MALALA
Quando o Talibã tomou controle do vale do Swat, uma menina levantou a voz.
Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação.
Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida.
Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria.
Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York.
Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz.
Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens.
O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã.
Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente.
“Sentar numa cadeira, ler meus livros rodeada pelos meus amigos é um direito meu”, ela diz numa das últimas passagens do livro. A história de Malala renova a crença na capacidade de uma pessoa de inspirar e modificar o mundo.
Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação.
Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida.
Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria.
Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York.
Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz.
Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens.
O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã.
Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente.
“Sentar numa cadeira, ler meus livros rodeada pelos meus amigos é um direito meu”, ela diz numa das últimas passagens do livro. A história de Malala renova a crença na capacidade de uma pessoa de inspirar e modificar o mundo.
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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
A Lente
A LENTE
Quando eu era menino me chamavam de "o fogo-de-palha".
Estava sempre com um plano novo na cabeça e falava entusiasticamente sobre o meu novo plano com a minha família.
Imediatamente a seguir, começava a tarefa, porém logo me sentia desanimado e a largava desinteressado.
E, logo uma outra ideia magnífica surgia dentro de meu cérebro iluminado, para ter o fim de sempre.
Embora o facto se repetisse constantemente, não havia, em minha casa, comentários a respeito. Parecia um processo de negação de realidade. Todo mundo sabia, mas todo mundo fingia que eu não era assim.
Um certo dia de verão, meu avô, que lia o jornal na varanda, chamou-me. Estava com uma lente na mão e me disse:
- Preste atenção e irá ver uma coisa muito interessante. É uma experiência...
Com o sol incidindo na lente, passeava com o foco de luz pela folha do jornal, porém nada acontecia de diferente. Eu estava intrigado. Fiquei mesmo a espera de que algo interessante acontecesse.
Diante da minha frustração, da espera por ver algo interessante e nada acontecer, ele finalmente deteve o movimento. Parou totalmente o movimento e manteve o ponto da luz solar imóvel por algum tempo, focalizando os raios solares no mesmo sítio. Dentro de poucos segundos o papel se incendiou e surgiu ali um furo.
Escusado é dizer que aquilo me fascinou, mas não entendi logo o significado da experiência. Então meu avô me explicou:
- Meu filho, este princípio se aplica a tudo que fazemos. Para alcançarmos qualquer êxito na vida é indispensável concentrar todos os nossos esforços na tarefa do momento. É como a concentração dos raios do sol filtrados pela lente.
Enquanto a lente percorreu às tontas a folha do jornal nada aconteceu. Mas quando se deteve e concentrou toda a energia dos raios solares, você viu o furo que a lente foi capaz de produzir.
Tudo é questão de paciência, tempo e concentração.
Desse incidente me recordei inúmeras vezes em minha vida, o que me deu sempre muita coragem para perseverar até o fim.
RODRIGUES, Wallace Leal V., in:___ "E, Para o Resto da Vida", ed. O Clarim.
domingo, 1 de dezembro de 2013
Porto de Luz
No dia 08/12/13, às 14:00, o Porto de Luz estará oficialmente aberto. Vamos compartilhar histórias, sonhos, vivências e tudo que for luz, verdade e amor. Você é muito importante para estar junto, vibrando na mais alta frequência conosco!
Vamos sortear Leituras de Aura, Sessões de Cura Prânica, Reiki, Cristalo Terapia.
Teremos Danças Circulares, rodadas de Beija-Flor, Pizza do Amor, e muitos sonhos para contar.
Venha para cá!
PORTO DE LUZ é um sonho materializado de Carmem Castro e Lúcia Falabella, que em 2013 tomaram coragem para dar um salto ouvindo sua intuição. Permitiram que os anjos as guiassem.
O que vai acontecer, será contado depois na história desta casa.
Ilha da Pesquisa, casa 2, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Domingo, 8 de dezembro de 2013 as 14horas
leia mais em https://www.facebook.com/events/176205182579191/ e veja as fotografias
https://www.facebook.com/portodeluzrj?fref=ts
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