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domingo, 8 de dezembro de 2013

O perigo das pressuposições

Abriu a porta e viu uma pessoa amiga que há muito não via.

Estranhou que ele viesse acompanhado de um cão. Cão forte, saltitante e com ar agressivo.

Cumprimentou o amigo efusivamente. - Quanto tempo! - Quanto tempo – ecoou o outro.

O cão aproveitou a saudação e entrou casa adentro.

Logo um barulho na cozinha demonstrava que ele tinha virado qualquer coisa.

O dono da casa encompridou as orelhas.

O amigo visitante, porém, nada comentou. - A última vez que nos vimos foi em... e a conversa continuava animada.

O cão passou pela sala, entrou no quarto, e novo barulho, desta vez de coisa quebrada.

Houve um sorriso amarelo do dono da casa, mas perfeita indiferença do visitante. - Há um tempo atrás encontrei com... você se lembra dele?

O cão saltou sobre um móvel, derrubou um objecto, logo trepou as patas sujas no sofá e deixou a marca digital e indelével de seu crime.

Os dois amigos, tensos, agora fingiram não perceber, sem saber exactamente o que deviam fazer.


Por fim, o visitante despediu-se e já ia saindo quando o dono da casa perguntou: - Não vai levar o seu cão?

 - Cão? Ah, cão! Não é meu não.
Quando eu entrei, ele entrou comigo tão naturalmente que pensei que fosse seu.


Do livro: Histórias da Tradição Sufi - Editora Dervish

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