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quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Medicina se rende à prática da meditação

O Ministério da Saúde baixou portaria incentivando postos de saúde e hospitais a oferecer a técnica em todo o País

Em Fevereiro, a agência do governo dos EUA responsável pelas pesquisas médicas (NIH, na sigla em inglês) reconheceu formalmente a meditação como prática terapêutica que pode ser associada à medicina convencional. Em Maio, o Ministério da Saúde brasileiro baixou uma portaria em que incentiva postos de saúde e hospitais públicos a oferecer a meditação em todo o País.

Essas acções governamentais são sinais da tendência de encarar a meditação não simplesmente como prática de bem-estar, que faz bem apenas à mente e ao espírito. Parar diariamente alguns minutos para se concentrar e se desligar do turbilhão de pensamentos que ocupam constantemente a cabeça também ajuda a manter a saúde física.

"A meditação é diferente da medicina convencional porque quem cuida de você não é o médico. É você mesmo", explica a médica anestesista Kátia Silva, que coordena as actividades de meditação no Hospital Municipal Vila Nova Cachoeirinha,
em São Paulo. Na
cidade, 70% dos postos de saúde oferecem actividades da chamada medicina tradicional, que inclui acupunctura, tai chi chuan e meditação.

Relativamente recentes, as pesquisas começaram nos anos 70. Uma pesquisa com a palavra meditação no acervo online da biblioteca Nacional de Medicina, do governo americano, traz 1.400 estudos científicos.

Entre outros benefícios, meditar previne e combate a depressão, a hipertensão arterial, a dor crónica, a insónia, a ansiedade e os sintomas da síndrome pré-menstrual, além de ajudar a reduzir a dependência de drogas.

Esses estudos mostram que a meditação reduz o metabolismo - os batimentos cardíacos e a respiração ficam mais lentos e o consumo de oxigénio pelas células cai. É isso que dá a sensação de relaxamento e tranquilidade.

As mesmas pesquisas sugerem que prática também interfere no funcionamento do sistema nervoso autónomo, que é responsável, por exemplo, pela liberação das hormonas noradrenalina e cortisol durante os momentos de stress. Em quem medita, a duração dessas "reacções de alarme" são mais curtas. Dessa forma, a pressão do sangue e a força de contracção do coração ficam alteradas por pouco tempo, comprometendo menos a saúde.

Apesar de serem evidentes os benefícios, a ciência ainda não consegue entender completamente como a meditação age no sistema nervoso. "Uma das dificuldades é o fato de não serem possíveis testes com modelos animais", explica a bióloga Elisa Kozasa, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Segundo especialistas, mudanças podem ser sentidas logo nas primeiras semanas. A aposentada Maria Elza Lima dos Santos, de 60 anos, descobriu a meditação no Hospital Vila Nova Cachoeirinha. Ela vivia com crises de pressão alta, que passaram após quatro meses de práticas diárias. "Antes, eu era muito nervosa. A cabeça estava sempre cheia de problemas. Aí a pressão subia. Agora fico mais relaxada, sinto uma paz de espírito", conta ela, explicando que no princípio teve dificuldades com a técnica (leia sobre a
técnica no texto ao lado). "Levei um mês para aprender a me concentrar."

Na trilha da acupunctura

O obstetra Roberto Cardoso, autor de "Medicina e Meditação - Um Médico Ensina a Meditar" (MG Editores, 136 págs, R$ 26), diz que muitos profissionais de saúde ainda têm preconceitos. "Mas isso deve mudar. A meditação começa a trilhar os passos da acupunctura, que já é um recurso reconhecido pela classe médica."

No Brasil, a instituição que mais estuda o tema é a escola médica da Unifesp, o que, segundo especialistas, ajuda a apagar a imagem religiosa e mística que normalmente se tem dos meditadores. A meditação não precisa ser necessariamente ligada a uma crença oriental.

Para que a meditação cumpra seu papel de medicina complementar e preventiva, o psicólogo José Roberto Leite, da Unifesp, explica que ela deve ser diária e constante. "É como comer ou fazer exercícios. Não basta uma semana para que você se mantenha saudável."

por Ricardo Westin
Fonte: Estado de São Paulo, 07/07/06
http://txt.estado.com.br/editorias/2006/07/07/ger-1.93.7.20060707.6.1.xml

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Aromas doces podem aliviar a dor em mulheres


Um estudo realizado no Canadá revelou que aromas doces, como o cheiro de rosas ou amêndoas, podem funcionar como anestésicos, segundo divulgou a revista “New Scientist”. De acordo com os pesquisadores da Universidade de Quebec, porém, a propriedade funciona apenas entre mulheres.

Os cientistas Serge Marchand e Pierre Arsenault pediram a 20 homens e 20 mulheres que mantivessem suas mãos imersas em água muito quente pelo máximo de tempo que conseguissem suportar a dor, enquanto cheiravam alguns perfumes. Diante de odores agradáveis, como extracto de óleo de amêndoas, as mulheres experimentaram uma redução significativa na sensação de dor. Odores desagradáveis como vinagre, por outro lado, aparentemente intensificaram ligeiramente a dor.

Já entre os homens, a dor não foi afectada por nenhum dos odores testados, embora ambos os sexos tenham dito que se sentiam melhor quando cheiravam fragrâncias agradáveis e mal-humorados na presença de odores desagradáveis. Mas esse efeito, dizem os pesquisadores, não é o que afecta a percepção de dor das mulheres, pois nesse caso os homens teriam dado respostas semelhantes no teste.

Segundo reportagem publicada na revista “New Scientist”, as mulheres normalmente são mais sensíveis aos odores do que os homens. Entretanto, os pesquisadores afirmam que isso não explica por que os aromas doces são um alívio da dor somente para o sexo feminino, já que todos classificaram a intensidade da dor da mesma forma.

O revista explica que as sensações agradáveis do toque são conhecidas por activar uma área do córtex frontal do cérebro usada para o paladar e o olfacto. Por isso, é possível que os odores possam alterar o processamento sensorial do toque, da dor e da temperatura, ao afectar essa parte do cérebro nas mulheres.

Na Internet:

Universidade de Quebec (em francês)

Revista “New Scientist” (em inglês)

domingo, 3 de dezembro de 2006

Riscos do mapeamento cerebral - chips

Está em curso uma revolução silenciosa da qual poucos se deram conta. As chamadas neurotecnologias, que são as técnicas de mapeamento cerebral, de desenvolvimento de drogas ou implantação de chips que alteram o comportamento humano, sempre estiveram restritas à medicina para o tratamento e a prevenção de doenças. No entanto, elas passaram a ser usadas no quotidiano das pessoas sem que exista um questionamento ético sobre o assunto. Empresas testam o gosto de um refrigerante com base nas reacções de prazer no cérebro de um indivíduo. Estúdios cinematográficos monitoram o cérebro humano para saber quais cenas de um filme são mais excitantes e merecem fazer parte do trailer. Nos tribunais, o uso da neuroimagem como detector de mentiras é tido como uma grande promessa. Contudo, não há regras nem limites éticos para lidar com o assunto. É o que alerta o cientista Roberto Lent. Carioca, pai de quatro filhos, Lent, de 58 anos, divide seu tempo entre a literatura (escreveu livros sobre o funcionamento do cérebro que viraram peça de teatro infantil) e o laboratório de neuroplasticidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Após participar de uma conferência internacional sobre neurociências e sociedade contemporânea, no Rio, ele deu a seguinte entrevista a VEJA.

Veja – Por que estabelecer limites para o uso das informações sobre o cérebro?
Lent – As pessoas tendem a imaginar que as descobertas feitas com base nas técnicas de mapeamento e registro cerebral são coisa de ficção científica. Eram, mas não são mais. Já está disponível a tecnologia para que uma empresa possa recrutar profissionais baseando-se em como o cérebro dos candidatos reage diante de um problema que, por exemplo, envolva um julgamento moral. Discutem-se muito os limites éticos da genética porque o assunto está na ordem do dia. No entanto, a neuroética é tão ou mais vital porque envolve a mente humana. Prever com segurança a possibilidade de alguém ter uma doença neurodegenerativa como Alzheimer aos 60 anos ou identificar precocemente a propensão de um jovem à violência é um avanço, mas representa também novos desafios éticos.

Veja – Quais as consequências disso?
Lent – Informações privadas como essas podem vazar para terceiros. Imagine uma companhia de seguros que consiga os dados sobre a propensão de uma pessoa a ter a doença de Huntington, que é incapacitante e mortal. Quem vai querer fazer uma apólice para essa pessoa? Ou ainda: que escola receberia tranquilamente um adolescente que apresentasse um marcador cerebral indicando predisposição para se tornar psicopata? Além disso, há um debate ainda mais complicado: quem deveria ter acesso a essas informações? A família? O paciente? A escola? O empregador? Vamos supor que se consiga identificar com muita chance de acerto um marcador cerebral – alguma característica morfológica ou funcional – que aponte a possibilidade real de um garoto de 15 anos cometer um ato violento, um assassinato até, aos 30. Trata-se de algo que ainda não é possível, mas os pesquisadores estão a caminho disso. O que fará o profissional em um caso desses? Diz para a família? Armazena a informação em um órgão de Estado para vigiar o garoto ou passa a medicá-lo preventivamente? Temos de nos preparar para dar essas respostas.

Veja – Mas não é sempre bom saber com antecipação os riscos que se vai correr?
Lent – Ao lidarmos com o cérebro, estamos falando daquilo que é mais humano e individual nas pessoas. Envolve um profundo debate filosófico e existencial. Se sou alérgico e meu filho herda isso, é bom saber antes para que possa tomar minhas providências. Mas, se descubro que meu filho tem propensão fortíssima a se tornar um assassino, isso traz questões éticas muito mais graves. Nós, cientistas, temos o dever de investigar a natureza e informar ao público o que está sendo descoberto, mas é a sociedade que deve discutir os limites éticos da questão.

Veja – Quais seriam esses limites?
Lent – Não há problema ético quando se desenvolve uma técnica para tratar uma doença neurológica ou psiquiátrica. O problema ético surge com a possibilidade de utilizá-la para aprimorar o que é normal, uniformizar o que é diverso, enfim, mudar a natureza humana. Tratando a questão em seu limite, eu diria que não podemos cair no abismo de ressuscitar práticas condenáveis como a eugenia, que foi uma das aberrações éticas dos nazistas. Também existe um risco enorme de fazer generalizações perigosas e erróneas.

Veja – O senhor pode dar um exemplo desse erro?
Lent – Há um grande debate sobre o uso da ressonância magnética funcional como detector de mentiras. O método tradicional de detectar mentiras mede alterações na resistência eléctrica da pele através da sudorese resultante de uma situação de stress. No caso, do ato de mentir. Mas um psicopata desprovido de emoções de natureza moral consegue enganar os detectores tradicionais. A ideia prevalente é que com o uso da neuroimagem fornecida pela ressonância magnética nem os psicopatas escapam da detecção. No caso de um assassinato, a foto da cena do crime é exibida a um suspeito, enquanto seu cérebro é monitorado. O pressuposto é o de que, ao reconhecer a cena, o cérebro emitirá um sinal específico. Esse sinal seria a prova de que o suspeito esteve no local do crime. Ora, o que se tem visto é que a detecção de mentira pela ressonância é sem dúvida um método mais complexo, mas não menos superficial e falho do que o tradicional. O sinal denunciador do criminoso pode ter sido produzido por uma lembrança inocente ou decorrente de um fato traumático mas totalmente dissociado da cena do crime. Injustiças terríveis podem ser cometidas se esse método for entronizado como infalível.

Veja – Existe um método seguro para saber se alguém está mentindo?
Lent – Não. Os métodos funcionam estatisticamente. Isso significa que eles podem indicar correctamente a função cognitiva ou emocional mais esperada em um grupo de pessoas. Mas é uma temeridade considerar que se poderá atingir uma precisão válida para cada pessoa individualmente. Esse é o ponto. Generalizar, quando se trata do cérebro humano, é um risco imenso. Cada indivíduo é diferente do outro.

Veja – Pouquíssimas pessoas têm ou tiveram o cérebro monitorado, e essas práticas não devem se popularizar tão cedo. Onde está o perigo maior?
Lent – Da mesma forma que os casais não resistem a ver imagens precoces de seus bebés pelo ultra-som, é natural que, em havendo a possibilidade, vão querer saber se seus filhos tendem a ter alguma doença no futuro. Quem não quer saber se o filho ou filha tem propensão para se envolver com drogas e ficar viciado? Já existem tecnologia e conhecimento para satisfazer essas curiosidades dos pais. Como ainda não se tem definidas as balizas éticas desses procedimentos, estamos no escuro. O filme Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, com o ator Jim Carrey, não é muito distante da realidade. No longa, uma empresa usa a neuroimagem para orientar uma cirurgia cerebral destinada a fazer com que o personagem esqueça a namorada. A neuroimagem localizava as regiões do cérebro activadas quando o rapaz se via diante de um objecto que o fazia lembrar-se da moça, e o técnico cauterizava essas regiões para apagar lembranças relacionadas a ela. Do ponto de vista técnico, nada impede que um centro hospitalar se proponha a liberar cirurgicamente as pessoas de más lembranças e emoções amargas. Embora não se faça isso sem efeitos colaterais graves, a verdade é que não há nenhuma norma a respeito.

Veja – A linha a separar a técnica de melhoria da vida das pessoas da técnica perigosa para a sociedade é ténue. Como distingui-la?
Lent – Não há limite porque não há regras, e não há regras porque a sociedade não discute a questão. Não se pode depender de decisões individuais. Um bom exemplo é o da pesquisa sobre interfaces entre o cérebro e máquinas. Um de seus expoentes é Miguel Nicolelis, brasileiro radicado nos Estados Unidos. A equipe dele já conseguiu fazer computadores controlar seus braços mecânicos usando os impulsos nervosos produzidos pelos neurónios de um macaco. A promessa médica embutida nisso é a de que, um dia, será possível movimentar um membro artificial ou uma cadeira de rodas apenas pela “vontade” do indivíduo. Isso seria uma excelente solução para deficientes físicos. Mas está claro que a possibilidade se abriria também para pessoas normais. Começam aí os problemas. Vamos supor que uma grande empresa, como a Petrobras, adoptasse uma política de recrutar apenas operários que concordassem em implantar um chip no cérebro capaz de, por exemplo, comandar robôs submarinos com alta precisão. Apresentam-se 300 candidatos, e quem não quiser implantar o chip está fora. É aceitável exigir dos trabalhadores o risco de se submeterem a uma intervenção cerebral dessa magnitude?

Veja – Isso também é futuro?
Lent – Não. Os jornais já noticiaram empresas recrutando voluntários para medir a activação de seu cérebro enquanto assistem a um filme publicitário. As cenas mais vibrantes, as que activam mais fortemente as áreas cerebrais ligadas à percepção do produto, são escolhidas para ser usadas nas peças publicitárias. Mas o fato é que padrões de comportamento já estão sendo alterados. A medicina está deixando de ser curativa para ser cosmética. Isso fez com que o conceito de melhorar o desempenho individual se tornasse aceito pela sociedade. Tome-se o exemplo do Viagra, do Prozac e do Botox, remédios criados com fins terapêuticos para resolver o problema da disfunção eréctil, da depressão e das alterações de tônus muscular na face. Hoje, são ferramentas cosméticas.

Veja – O que podemos esperar de novo?
Lent – Estamos muito perto de desenvolver medicamentos que possam melhorar a memória. Seria uma maravilha para ajudar a vida de pacientes com Alzheimer. Mas e se alguns estudantes decidissem utilizar tais medicamentos para melhorar seu desempenho académico enquanto outros se recusassem a fazer o mesmo? Temos um problema ético sério. Acho difícil responder a isso com segurança. É o mesmo dilema que a sociedade teria ao decidir se autorizaria jovens normais a fazer uso de uma pílula da memória para disputar uma vaga de trabalho ou na universidade. Disputar com outros que não recorreram ao auxílio químico…

Veja – Se a pílula da memória for para todos, isso não é uma boa ideia?
Lent – Poderia ser uma óptima ideia, mas insisto que é preciso que a sociedade debata essa possibilidade. Existe enorme pressão para que se comercializem as neurotecnologias porque elas tendem a dar muito lucro. Empresas querem patentear as técnicas e comercializá-las. Imagine quanto dinheiro se ganharia com a pílula da memória. Dei uma conferência recentemente, em que mostrei um catálogo com algumas técnicas distribuído a médicos nos Estados Unidos. Era um livro que listava empresas americanas que oferecem seus produtos, desde remédios até chips cerebrais. Eles já estão altamente organizados.

Veja – Padronizar aparências e comportamentos é um mal em si mesmo?
Lent – Quando se tem um diagnóstico preciso de uma criança com deficit de atenção e hiperactividade, o remédio é necessário sim. No entanto, há um limite mal definido entre as crianças com esse transtorno e as que são apenas mais rebeldes, mais inquietas, mais críticas, e não propriamente doentes. Pouco se sabe sobre o que separa os doentes dos apenas rebeldes. O rebelde chateia a mãe, chateia o pai, ele é crítico, ele se mexe demais. Então, Ritalina nele, e todo mundo fica feliz. A mensagem que se passa é exactamente essa: você precisa mudar para se adequar. O erro está aí.

Veja – Na avaliação do senhor, o que deve ser feito?
Lent – Tendo a achar que as neurotecnologias poderiam ficar restritas ao uso médico, mas com a possibilidade de ser utilizadas para problemas de outra natureza se uma junta de pessoas idóneas, não necessariamente médicos, concordasse. Algo que salvaguardasse uma decisão individual para que ela não fosse errada ou injusta. Seria uma maneira de a sociedade circunscrever o problema. A questão principal no fundo é definir se o cérebro é causa ou consequência das propriedades da mente humana. O cérebro produz as capacidades mentais fortemente influenciado pelo ambiente. Então, é ao mesmo tempo causa e consequência. Estamos tentando entender melhor não só as doenças mentais, mas as propriedades mentais dos indivíduos normais. Isso é fascinante. Decifrar o mistério do que nos torna humanos é o primeiro passo para impedir que um dia possamos ser desumanizados.

Fonte: Revista Veja, Edição 1974 - 27.09.2006

apneia do sono

Se a musculatura da região da úvula – aquela bolinha no fundo da garganta, conhecida como campainha – fica mais flácida e as amígdalas maiores, a respiração durante o sono se complica. O ar tem dificuldade de entrar e, quando a pessoa força a respiração, o resultado é aquele barulho desagradável que todos conhecem, o ronco. Além de incomodar quem está por perto, ele é sinal de má qualidade de sono. Quando ocorre o esforço respiratório e o ar não passa, porque a via aérea encontra-se fechada, sobrevém a apnéia, eventos que duram mais de 10 segundos, sendo considerados anormais ao ultrapassarem a frequência de cinco ocorrências por hora. “Roncar é, no mínimo, sintoma de apnéia do sono”, explica o odontólogo Eduardo Rollo Duarte. Em seu projecto de doutorado na Universidade de São Paulo (USP), ele desenvolveu um tipo de placa intra-oral para ser colocada no interior da boca à noite e reduzir a apnéia e o ronco.

Os distúrbios do sono causam uma série de problemas como sonolência diurna, dificuldade de memorização e dor de cabeça. E, muitas vezes, uma apnéia mais amena pode ser facilmente controlada. A obstrução na região da faringe pode ser provocada por diversos factores. Desde anormalidades anatómicas e factores genéticos, o hipotireoidismo, o envelhecimento, que deixa a musculatura flácida, a obesidade, até o consumo de cigarro, bebida alcoólica e sedativos que deixam a musculatura excessivamente relaxada, impedindo a passagem do ar.

A função da placa intra-oral, feita à base de resina acrílica, é desobstruir esse caminho. Depois de produzida, ela foi testada em 15 pacientes com a idade média de 49 anos que apresentavam apnéia moderada e leve (de 5 a 30 interrupções por hora de sono). Antes do tratamento, os pacientes fizeram uma polissonografia, exame para uma avaliação completa do sono dos pacientes, realizada na Clínica de Distúrbios do Sono, em Bauru. Novo teste foi repetido um ano após o uso da placa e mostrou que 93% dos pacientes tiveram uma redução de 77%, em média, na frequência de apnéia. Radiografias digitalizadas também indicaram aumento nas dimensões da via aérea superior e os próprios pacientes relataram que a sonolência diurna diminuiu. “Uma das vantagens do aparelho é controlar o problema, evitando uma intervenção cirúrgica”, diz a professora da Faculdade de Odontologia da USP, Maria Luiza Arantes Frigerio, orientadora de Duarte.

O uso de placas intra-orais já é uma prática bem difundida no exterior. Por volta da década de 1980, as primeiras placas produzidas nos Estados Unidos não permitiam ajustes e, por isso, podiam provocar problemas na articulação mandibular. Hoje a agência responsável pela análise e liberação de medicamentos naquele país, a FDA na sigla em inglês, já possui cerca de 20 tipos de placa aprovados para uso. A primeira brasileira vai ficar mais barata que a importada. A simplicidade do design e a resina acrílica permitem que ela seja feita por um cirurgião-dentista especialista em prótese dental. Outra vantagem é que, por ser ajustável, como outros modelos mais modernos, a placa tem uma chave que controla a abertura, ou o avanço da mandíbula. Apesar das facilidades, Duarte enfatiza que não faz sentido pensar no material desenvolvido de maneira isolada. “O uso da placa só é eficaz quando associado a um tratamento do distúrbio do sono, que deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar formada por médicos e dentistas da área de sono.”

Estresse e sono resultam em menos neurônios

28/11/2006

Agência FAPESP - Hormônios associados ao estresse, induzidos pela falta de sono, podem prejudicar a produção de neurônios. A conclusão vem de um estudo feito por pesquisadores do Departamento de Psicologia da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.

A pesquisa, conduzida em ratos, indicou que a privação do sono inibe a produção de novas células cerebrais no hipocampo, a região ligada à formação de novas memórias. Os resultados estão em artigo que será publicado esta semana no site e em seguida na versão impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

Apesar de não esclarecerem os mecanismos que levaram à falha na produção de neurônios, os autores do estudo apontam que os resultados reforçam o papel importante do sono nos processos de aprendizado e memória.

Como a falta de sono por longos períodos é considerada um forte componente estressante, a equipe liderada por Elizabeth Gould decidiu examinar o papel do hormônio corticosterona (principal hormônio do estresse em ratos) na produção celular.

Os autores do estudo descobriram que uma privação do sono por 72 horas elevou os níveis de corticosterona e provocou uma redução significativa no número de novas células cerebrais produzidas no hipocampo. Quando os níveis de corticosterona foram mantidos em níveis constantes, a redução não ocorreu.

O artigo Sleep deprivation inhibits adult neurogenesis in the hippocampus by elevating glucocorticoids, de Elizabeth Gould e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

Aparências

Sem maiores preocupações com o vestir, o médico conversava descontraído com
o enfermeiro e o motorista da ambulância, quando uma senhora elegante chega
e, de forma ríspida, pergunta:
- Vocês sabem onde está o médico do hospital?
Com tranquilidade o médico respondeu:
- Boa tarde, senhora! Em que posso ser útil?
Ríspida, insistiu:
- Será que o senhor é surdo? Não ouviu que estou procurando pelo médico?
Mantendo-se calmo, contestou:
- Boa tarde, senhora! O médico sou eu, em que posso ajudá-la?
- Como! O senhor! Com essa roupa!...
- Ah! Senhora! Desculpe-me! Pensei que a senhora estivesse procurando um médico e não uma vestimenta...
- Oh! Desculpe, doutor! Boa tarde! É que... vestido assim, o senhor nem parece um médico...
- As vestes parecem não dizer muitas coisas, pois quando a vi chegar, tão bem vestida, pensei que a senhora fosse sorrir educadamente para todos e depois daria um "boa tarde". Disse o médico.
Como se vê, as roupas nem sempre dizem muito...
Um dos mais belos trajes da alma é a educação.

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Que bom poder voltar a ser criança e sonhar!

Entre nessa página, chame as crianças e volte no tempo!

www.natalbauducco.com.br

Demora um pouquinho a abrir, mas vale a pena!