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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Máscaras

Máscaras

Não se deixe enganar por mim.
Não se engane com as máscaras que uso,
pois eu uso máscaras que eu tenho medo de tirar, e nenhuma delas sou eu.
Fingir é uma arte que se tornou uma segunda natureza para mim, mas não se engane.
Eu dou a impressão de que sou seguro, de que tudo está bem e em paz comigo,
que meu nome é confiança e tranquilidade;
é meu tema que as águas do mar são calmas e eu que estou no comando sem precisar de ninguém.
Mas não acredite, por favor.
Minha aparência é tranquila, mas é apenas uma aparência,
é uma máscara superficial, mas é a que sempre varia e esconde.
Por baixo não há tranquilidade, complacência ou calma.
Por baixo, está meu mal em confusão, medo e abandono.
Mas eu oculto tudo isso, pois eu não quero que ninguém veja.
Fico em pânico ante a possibilidade de que minha fraqueza
fique exposta, e é por isso que eu crio máscaras
atrás das quais eu me escondo com a fachada de quem não se deixa tocar, para me ocultar do olhar que sabe.
Mas esse olhar é justamente minha salvação. Eu sei disto.

É a única coisa que pode me libertar de mim mesmo, dos muros da prisão que eu mesmo levantei,
das barreiras que eu mesmo tão dolorosamente construo.
Mas eu não digo muito disso a você. Não sorria, tenho medo.
Tenho medo que seu olhar não seja de amor e atenção.
Tenho medo que você me menospreze, que ria de mim, me ferindo.
Tenho medo de que lá dentro do interior de mim mesmo,
eu não valha nada e que você acabe vendo e me rejeitando.
Então eu continuo a viver meus jogos, meus jogos de fingimento,
com a fachada de segurança de fora e sendo uma criança tremendo por dentro.
Com um desfile de máscaras, todas vazias, minha vida se tornou um campo de batalha.
Eu converso com você uma conversa infantil e superficial.
Digo a você tudo que não tem a menor importância e calo o que arde dentro de mim.
De forma que, não se deixe enganar por mim.
Mas por favor,
escute e tente ouvir o que eu não estou dizendo e que eu gostaria de dizer.
Eu não gosto de me esconder, honestamente eu não gosto.
Eu tampouco gosto de jogos tolos e superficiais que faço.
Eu gostaria mesmo era de ser genuíno,
espontâneo, eu mesmo, e você tem que me ajudar, segurando a minha mão,
mesmo que quando esta for a última coisa que eu aparentemente necessitar.
Cada vez que você me ajuda, um par de asas nasce no meu coração.
Asas pequenas e frágeis, mas asas.
Com sua sensibilidade, afecto e compreensão, eu me torno capaz.
Você me transmite vida. Não vai ser fácil para você.
A ideia de que eu não valho nada vem de muito tempo e criou muros fortes.
Mas o amor é mais forte que os muros, e aí está a minha esperança.
Por favor ajude-me a destruir esses muros, com mãos fortes, mas gentis,
pois uma criança é muito sensível e eu sou uma criança.
E agora, você gostaria de perguntar quem sou eu?
Eu sou uma pessoa que você conhece muito bem.
Eu sou todo homem, toda mulher, toda criança, todo ser humano que você encontra.

Do livro: “Quem sou eu” de Alice Girotto

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