Vou fazer aqui uma homenagem às mães que sofrem com a fase de não compreensão dos filhos "crescidos".
Há um momento na vida dos filhos que colocam tudo em causa.
Queixam-se das mães e dos pais também. Não tem uma idade cronológica para isto acontecer. Acontece geralmente a partir da adolescência.
Há filhos que passam bem esta fase, recuperam-se rapidamente. Há outros que demoram um pouco mais.
Tudo que lhes acontece é porque as mães não souberam educar.
Criticam as regras, têm a sensação que ela gosta mais do outro filho/a, criticam a falta de tempo delas, a profissão que elas escolheram, os gostos especiais, criticam as escolhas, as prioridades, a educação que receberam, as cobranças directas ou indirectas....criticam, criticam e pronto.
Tudo isto acontece porque esses filhos ainda não aprenderam que CADA UM FAZ O QUE SABE. A sua mãe também fez apenas o que sabia. Pode ser que hoje em dia ela até fizesse diferente e de novo estaria fazendo apenas o que sabe.
Seguindo este raciocínio, este filho que critica a sua mãe e até se afasta dela temporariamente, ele também só faz o que sabe. A cada dia ele vai aprendendo mais e vai sabendo mais e vai fazendo diferente. Compreensão para com este filho. Ele só faz o que sabe.
Felizes daqueles filhos que durante essa fase encontram seres humanos adultos sensatos que os orientam no sentido de valorizar tudo que a mãe conseguiu lhes proporcionar, agradecer a aprendizagem que fizeram ao longo desse percurso junto com essa mãe.
Aqui eu aproveito para deixar um recado para os avós, tios, padrinhos, adultos que as vezes ouvem o desabafo desse filho "crescido". Filho que é do outro e não seu.
Ouçam... eles precisam disto.
Apoiem... eles também precisam disto.
Ofereçam leitura... sugiram filmes (click por exemplo é ótimo para esta fase)...
Porém não dêem a razão a eles, não façam JULGAMENTOS contra essa mãe junto com eles, não lhes digam, "é mesmo, a sua mãe não soube vos criar".
Não descarregue nesse jovem que confia em você para fazer o seu desabafo, não descarregue a sua própria mágoa que ainda não ficou resolvida com relação à sua própria mãe ou em relação a mãe desse filho "crescido". Não alimente a revolta nesse jovem contra a mãe dele.
Quando você não consegue separar a sua própria história de vida com a história de vida do jovem que você ouve neste momento, você corre o risco de fazer um grande mal a ele.
Veja, durante um bom tempo da vida dele, ele acreditou que mãe é mãe, que em nome de ser mãe muita coisa acontece na relação, confiou nessa mãe, dependeu física e emocionalmente dessa mãe, contou com ela e recebeu pouco ou muito do que esperava receber, mas recebeu o que ela lhe conseguiu dar, da forma como ela conseguiu dar.
Quando eles entram em revolta, num processo natural do desenvolvimento psicológico do ser humano e encontram, por exemplo, uma tia que lhes afirma que a mãe deles é isto e a mãe é aquilo, e que ela devia de fazer assim e não fez, que confirmam as revoltas do jovem, estão a fazer um imenso mal a esse jovem. Não estão fazendo mal a mãe dele e sim a ele.
Sabem porque? Esse jovem está numa fase de evolução e precisa contestar para depois acreditar. Ele contesta, critica, julga e aos poucos vai reflectindo e vai concluindo que tudo isto é um processo, que ele está diante de um processo, NATURAL. Terá fases de acreditar que a vida é bela, outras nem por isto.
Porém quando ele procura apoio numa tia e ela CONFIRMA (por razões pessoais dela, da história de vida dela) que a mãe dele é mesmo tudo isso de feio que ele está a ver nesse momento, ela estará conduzindo erradamente esse jovem a não ACREDITAR no ser humano, na vida.
Sim, se essa mãe que ele esteve ligado a ela tantos anos, em quem acreditou, confiou, dependeu, deu de si, recebeu para si, amou, acarinhou, riu, brincou, pediu favores possíveis e impossíveis... se essa mãe agora é considerada MÁ, então quem nesta vida será bom?
Diante desta DECEPÇÃO com relação à sua mãe, estimulada por essa tia, madrinha, avó etc… ele pode começar a fazer escolhas opostas e pode conhecer um lado muito difícil da vida.
Muitos filhos chamam a mãe de paranóica, obsessiva, ansiosa, cobradora, chata (melga), controladora, etc... ela é tudo isso porque ela é mãe. E cada uma é mãe como consegue ser. Não há uma escola de mãe, há um acertar, errar, corrigir e vai se construindo nesse papel de mãe.
E, em especial oriento a quem ouve um jovem revoltado, deve sempre responder a ele que é simples. è suficiente que ele comece a identificar o que a mãe transmitiu através da educação, dos exemplos, das vivências e que ele não deseja ter consigo, no seu código de valores, nos seus comportamentos e fazer então uns furinhos metafóricos e deixar sair isso que não desejam.
A mãe transmitiu, certo ou errado, mas se o jovem não deseja manter aquilo dentro de si, elimina e segue a sua vida.
Somos responsáveis pela nossa construção. Não podemos passar o resto da nossa vida a culpar e criticar a nossa mãe. Devemos construir o nosso próprio caminho, aceitando ou rejeitando a aprendizagem feita com a nossa mãe.
O mais gostoso de se ouvir é que isso PASSA, porque TUDO PASSA.
Tem uma metáfora que diz que um Rei deu um anel ao seu filho e dentro do anel fez uma inscrição. TUDO PASSA.
E disse ao filho, diante de momentos com fortes emoções, tire este anel do dedo e leia o que está escrito nele e assim, quando o filho venceu uma batalha e estava a saborear a alegria da vitória, tirou o anel e leu TUDO PASSA.
Quando estava acamado com dores e febre, triste e preocupado com a saúde, tirou o anel e leu TUDO PASSA.
Sim, asseguro....TUDO PASSA. Isto também vai passar.
Estou escrevendo um livro sobre este tema e nele incluo também os pais. Hoje só referi a mãe por ser dia da mãe. 2 e 8 de Maio. Dia da Mãe!!!
Recebi este vídeo da Dalva, Marilene, Mónica, Elisa, Helder... e o incluo aqui:
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