Wen ficou a ver as primeiras pessoas chinesas que vira em muitos anos afastarem-se. Durante um momento, sentiu-se tentada a correr atrás deles, mas não o fez. Já não pertencia ao mundo deles. Ge’er e Pad é que eram a sua família (p. 140)
O Sol Cai no Tibete (Sky Burial, 2004) foi escrito por Xinran, uma jornalista chinesa que se tornou conhecida com um programa de rádio onde recebia cartas de leitoras. Em 1997, Xinran mudou-se para Londres, onde hoje vive, tendo alcançado fama com o seu livro Mulheres na China (The Good Women of China), onde expunha algumas experiências das mulheres chinesas graças que conheceu graças ao seu programa. O Sol Cai no Tibete vem remeter uma vez mais para a sua actividade jornalística, já que foi graças a ela que Xinran conheceu Shu Wen, em Suzhou. Em 1994, Xinran ouviu durante dois dias o relato na primeira pessoa de uma história de vida extraordinária. Depois disso, Shu Wen desapareceu.
Tudo começara em 1958, quando Shu Wen, então com 26 anos, soube que o marido, com quem estava casada há poucos meses, morrera no Tibete, para onde fora como médico do Exército Popular de Libertação. Apaixonada e inconformada com a falta de informação sobre o desaparecimento do marido, Shu Wen, que também era médica, alistou-se igualmente no exército e partiu para o Tibete. Mas nada a preparara para o que encontrou. Logo de início, ela trava conhecimento com uma antiga nobre tibetana Zhuoma – também ela à procura de um amado de quem se apartara – e as duas perdem-se na vastidão do território, acabando a viver com uma família tibetana nómada. Durante décadas, Shu Wen permanece com essa família, habitua-se às suas tarefas diárias, assimila aspectos da sua religião e aprenda um pouco da língua. Mesmo depois de se separar da família tibetana, Shu Wen continua em busca do seu marido até que descobre a forma como este se sacrificou e que cuja descoberta é como que o clímax do livro.
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