Depois Daquela Viagem:
História real na forma de diário. Uma jovem de classe média, que contraiu o vírus HIV, aprende a conviver com a AIDS.
A autora conta como sua vida mudou depois que ela descobriu que era portadora do vírus HIV. Sem meias palavras, fala de que forma a doença mexeu com sua cabeça e sentimentos, e como sua vida passou por uma reavaliação radical. Para começar a sua história, Valéria mostra bom-humor e descontração para abordar assuntos que têm relação direta com os jovens: as farras com a turma de amigos, a dúvida entre "ficar" ou namorar, o despertar da sexualidade, a angústia diante do vestibular, além de outras coisas que atormentam a cabeça dos adolescentes, coisas que ela também vivenciou. Aos 16 anos Valéria contraiu AIDS porque, segundo ela mesma, "transou sem camisinha". Num testemunho de coragem, a jovem lançou o livro em 1999, quando estava com 23 anos, demonstrando determinação de levar adiante a vida.
Papo de Garota:
Infectada com o vírus HIV aos 16 anos, em 1998 Valéria Piassa Polizzi contou sua história no livro Depois Daquela Viagem, um grande sucesso. Agora, já com 30 anos, parte para sua segunda experiência editorial, uma compilação das crônicas publicadas na revista Atrevida. Neste novo livro, Valéria fala de maneira intimista sobre os sonhos, a turma, os namorados, a sexualidade, a família, as dúvidas, as fantasias, sobre o que acontece no dia-a- dia e na vida dos adolescentes. Lendo suas crônicas, temos a impressão de estarmos conversando com uma amiga, pois, sem dúvida, Valéria escreve com o coração! Vale a pena conferir.
Infectada com o vírus HIV aos 16 anos, em 1998 Valéria Piassa Polizzi contou sua história no livro Depois Daquela Viagem, um grande sucesso. Agora, já com 30 anos, parte para sua segunda experiência editorial, uma compilação das crônicas publicadas na revista Atrevida. Neste novo livro, Valéria fala de maneira intimista sobre os sonhos, a turma, os namorados, a sexualidade, a família, as dúvidas, as fantasias, sobre o que acontece no dia-a- dia e na vida dos adolescentes. Lendo suas crônicas, temos a impressão de estarmos conversando com uma amiga, pois, sem dúvida, Valéria escreve com o coração! Vale a pena conferir.
Sobre a autora:
Valéria Piassa Polizzi é uma jovem muito bonita - morena, cabelos longos, olhos claros e um aspecto saudável insuspeito. Aos 18 anos, apesar de passar no vestibular para o Jornalismo da PUC de São Paulo, ela sonhava em fazer cinema, em ser atriz ou cineasta. "Queria ser imortal", justificava em tom de brincadeira e sarcasmo.
Paulistana, hoje com 26 anos, ela se tornou escritora por conta de uma tragédia pessoal.
Mas seu livro, na verdade, desnuda um drama social de proporções assustadoras, que resulta de uma combinação criminosa de irresponsabilidade, repressão, ignorância e preconceito. Sua obra é aconselhável para pais, mães, jovens, professores e até mesmo autoridades públicas - se bem que, em geral, nossas autoridades públicas tenham a sensibilidade de um cascalho ou de um escaninho. Em todo caso, recomendar não ofende, ainda mais que o assunto envolve a saúde pública.
Valéria não é homossexual, nem promíscua, nem drogada. Não integra, portanto, nenhum dos grupos de risco mais suscetíveis à Aids. Mas há dez anos é soropositiva. Foi infectada pelo vírus letal na primeira e única relação sexual com o primeiro namorado. Seu livro, Depois daquela viagem - diário de bordo de uma jovem que aprendeu a viver com Aids, que acaba de ser lançado, é um relato de 279 páginas desde o dia em que se descobriu contaminada. Aos 17 anos recebeu uma sentença de morte com vencimento definido: não resistiria mais do que oito anos. Em 1989 entrou para a estatística do Ministério da Saúde como uma das 736 brasileiras contaminadas pelo HIV.
Apesar de tudo está resistindo. É uma das mais antigas portadoras do Brasil e, com o tratamento do coquetel anti-Aids, leva uma vida quase normal, mesmo que convivendo com a opção da abstinência sexual. Os exames atuais nem chegam a detectar o vírus no seu organismo. Obviamente, não esteja curada. É que a mistura de drogas do coquetel, associada a uma boa qualidade de vida reduz a presença do vírus a padrões indetectáveis.
A história de Valéria revela uma incrível dignidade, mas sobretudo um alerta. "Foi burrice transar sem camisinha", declarou à jornalista Eliane Trindade, em entrevista publicada na revista Isto É.
No livro, com ironia, depõe o que sabia sobre sexo aos 15 anos: sua mãe lhe havia lido o livro De onde vêm os bebês, estudara nas aulas de Ciências o espermatozóide, o óvulo, a vagina e o pênis, assistira na televisão cenas românticas e alguns filmes nacionais mais picantes.
Ao transar com o primeiro namorado, à bordo de um navio, no Natal de 1986, ao reclamar pela camisinha, recebeu a resposta: "camisinha é coisa de P.... Você não é, não precisa". Este namorado, usuário de drogas e desequilibrado - costumava espancá-la - já morreu, de Aids.
Valéria não é uma moça pobre, jamais morou na periferia. Estudou em boas escolas, seu pai é empresário e sua mãe relações publicas. É uma típica jovem de classe média. Teve razoável acesso à informação e à cultura. Mas não escapou do preconceito, da ignorância e da proibição tácita quando o assunto é sexualidade.
Valéria é uma vítima da repressão sexual travestida de um conjunto de tabus que se disfarçam atrás de valores morais ambíguos.
No dia 2 de dezembro, manifestações programadas no mundo inteiro assinalam o Dia mundial de luta contra a Aids. Mas é evidente que a luta contra a epidemia começa na prevenção, que por sua vez inicia na adequada orientação sexual de jovens e adolescentes como Valéria Piassa Polizzi.
Felizmente, como verifica reportagem de capa de Extra Classe desta edição, a educação para a sexualidade sadia, não apenas do ponto de vista biológico, mas psicológico, emocional e afetivo, já ingressou na sala de aula.
Bem antes que a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação brasileira determinasse a adoção do conteúdo, a curiosidade dos estudantes pressionou os limites morais que cercam o assunto. Obrigou os professores a buscarem as respostas que, desgraçadamente, ainda constrangem as conversas na sala de estar, mas que, talvez, se fossem enfrentadas com menos preconceito, teriam feito de Valéria Piassa Polizzi uma escritora de outro gênero.
Fonte: http://www.sinpro-rs.org.br/extra/nov97/editoria.htm
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