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domingo, 16 de outubro de 2011

Prejuízos da falta de informação estratégica

Alexandre e a batalha contra o rei Poro.

Dando prosseguimento à sua marcha pelo interior da antiga Índia, com o intuito de submeter mais esse povo, Alexandre e seu exército de macedônios estancaram, às margens do rio Hidaspe, diante das forças do rei Poro.

Segundo relatos de Quinto Cúrcio, historiador romano, Poro tinha mais de dois metros de altura. Seu tórax era duas vezes mais largo que o de qualquer homem normal. Sua armadura era toda de ouro e prata e, nos combates, montava um elefante enorme e perfeitamente ensinado: "majestoso e horrível ao mesmo tempo", di-lo Quinto Cúrcio.

O rei indiano, resolvido a impedir a passagem de Alexandre, acampara na margem oposta, com um exército de trinta mil infantes armados de longos arcos e pesadas setas, trezentos carros de guerra e oitenta elefantes.

O Hidaspe era um rio largo, profundo, de forte correnteza, não vadeável, e semeado de rochedos, como se podia conjecturar pela espuma das águas e pelo barulho que faziam. A dificuldade de passagem, e a vista da margem oposta, ocupada por grande multidão, coberta de carros, cavalos e elefantes, atemorizavam de alguma forma os macedônios. Parecia-lhes impossível, com os fracos batéis de que dispunham, vencer a impetuosidade das águas, e dificílimo abordar a margem oposta, se conseguissem vencer o primeiro obstáculo.

Alexandre logo compreendeu que era preciso recorrer a um estratagema que distraísse a atenção do inimigo. Dessa forma, reuniu-se com seus generais, para traçar o plano de ataque.

Entre as diversas ilhas do rio Hidaspe, via-se uma maior, coberta de mato alto e que lhe pareceu apropriada ao seu plano. Aproveitou a cobertura natural oferecida pela ilha e fez dissimular, no terreno da margem amiga, a sua Infantaria. No intuito de distrair o inimigo desse ponto, ordenou ao general Ptolomeu que, à frente de toda a cavalaria, se afastasse daquela ilha, simulando, por suas manobras, pretender passar o rio em ponto distante. Em complemento, orientou a Ptolomeu que desencadeasse sucessivas fintas de ultrapassagem daquele rio-obstáculo, levando a cavalaria até o meio do rio e fazendo-a retornar, diante do inimigo, com o intuito de frustrar a sua permanente expectativa.

Durante alguns dias, Ptolomeu cumpriu as instruções de Alexandre, de modo que Poro acabou por concentrar toda a sua atenção para aquele lado da frente de batalha. Contudo, o estado de prontidão dos indianos ficou comprometido pela dúvida criada com a marcha da cavalaria macedônica. Alexandre, por sua vez, mandou armar a sua tenda nesse ponto, bem defronte de Poro e de seu exército. Em torno dela, estendeu a guarda real, com todo o aparato que costumava cercar-se. Ainda mais, colocou um sósia em seu lugar, vestido em trajes reais, para que o inimigo se persuadisse de que o rei, em pessoa, ali estava acampado, e que não cogitava passar o rio.

Alexandre já estava postado com a falange e tudo pronto para a sua travessia, quando rebentou uma tempestade medonha, de relâmpagos e trovões, seguidos de chuva torrencial. A escuridão da noite foi tão completa que ninguém enxergava um palmo diante de si. O Rei, porém, ao contrário de todos, entendendo que essa situação favorecia-lhe as intenções, deu sinal de embarque, dirigindo-se como todos para a margem oposta, onde não encontraram viva alma. Distraído pelas manobras de Ptolomeu, tinha Poro abandonado esse ponto.

Assim que chegaram à margem inimiga, os soldados receberam instruções para marcharem, por companhias, em direção às forças de Poro. Nessa ocasião, Poro teve notícia de que os macedônios tinham passado o rio, e se aproximavam de suas posições. A princípio, duvidou, e, como sempre é fácil crer no que se deseja (princípio do interesse do alvo), convenceu-se de que não eram os macedônios, mas sim outras tropas aliadas que vinham em seu auxílio, conforme havia sido combinado anteriormente.

Essa ilusão, porém, durou pouco. Seu irmão Magés, que comandava as forças dispostas em seu flanco direito, fora rapidamente surpreendido e destruído pelos macedônios.

Depois de algum tempo de renhido combate, os elefantes, crivados de ferimentos, enfraquecidos pela perda de sangue, e loucos de dores e indomáveis, lançaram por terra amigos e inimigos, esmagando-os por debaixo das patas, até que, afinal, tomados de medo, foram tocados para fora do local de combate.

Poro, vendo-se quase abandonado, não teve condições de continuar combatendo. Vítima da desinformação planeada por Alexandre, saiu derrotado e ferido do campo de batalha.

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