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quinta-feira, 9 de março de 2006

Mulherzinhas - Martha Medeiros

Mulherzinhas

Depois de devorar Monteiro Lobato na infância, inaugurei minha pré-adolescência lendo o clássico “Mulherzinhas”, de Louise May Alcott, que contava a história de quatro irmãs que viviam na Inglaterra do século 19. Se fosse lançado hoje um livro com este título, não apostaria em seu êxito. Mulherzinha acabou virando sinónimo de candura, fragilidade e, por que não dizer, de uma certa patetice. Sabemos todas que chamar uma mulher de mulherzinha, no século 21, é ofensa mortal.

Somos mulherões. Algumas, pelo aspecto físico: são as voluptuosas que estampam as capas de revista e que não deixam dúvida sobre o merecimento do superlativo. Outras — a maioria — são mulherões porque não vieram ao mundo a passeio. Trabalham duro dentro e fora de casa, não raro sustentam a família sozinhas e ainda reservam um espaço para a vaidade, nem que a vaidade se resuma a um batom catado na bolsa durante o trajecto do autocarro. Já escrevi sobre estes mulherões, mas nunca é demais lembrá-las, para isso ao menos deve servir um dia internacional só para nós.

Dia da Mulher, na minha humilde opinião, tem a mesma importância do Dia da Árvore ou do Dia do Índio: serve para homenagens e reflexões, mas, na prática, não muda nada. Nem o meio ambiente é mais preservado, nem os índios são mais respeitados, nem as mulheres ganham melhores salários pelo fato de terem um dia só para si. O que muda alguma coisa nesta vida é postura, consciência e coragem. E, neste aspecto, fico feliz ao perceber que as coisas estão mudando pelo fato de que há cada vez menos mulherzinhas no mundo.

A mulherzinha é aquela que confunde delicadeza com resignação. Fala baixinho, com uma voz titubeante, como se tivesse que pedir licença para externar sua opinião — nas raras vezes em que tem uma. A mulherzinha tem o maior orgulho de ter suas contas — todas — pagas por um homem. Nunca cogitou experimentar alguma independência, mesmo que relativa. A mulherzinha não conhece assunto melhor do que novela, empregada e liquidações. E acredita que toda fofoca é inocente. Ela é um amor e ri o tempo todo, ninguém sabe direito do quê. A mulherzinha tem pavor de qualquer tipo de evolução — aliás, deve ter deixado escapar um “já foi tarde” quando soube que Betty Friedan faleceu. A mulherzinha enrubesce pelos motivos errados. E quase sempre acha charmoso fazer o papel de burra — o que diz tudo.

Tento me lembrar de quantas representantes do género conheço, e, ufa, quase não recordo de nenhuma. Talvez uma ou duas que ainda persistem em servir apenas como adorno da sociedade. São mulherzinhas muito queridinhas, muito boazinhas, muito sonsinhas, que adoram viver no encantado mundo do diminutivo.

Toda mulher já foi mulherzinha um dia, até que uma frustração aqui, uma descoberta ali, um caída de ficha, uma dor profunda, um aperto financeiro, uma longa viagem ou uma leitura impactante a fez acordar dos devaneios de cinderela e se tornar uma mulher erecta, firme, que responde por si própria. As que ainda precisam de atenção do Estado — e são muitas — precisam não por serem mulheres, e sim por serem excluídas e estigmatizadas, como vários homens também são — ou não?

Medos, ainda temos alguns. Natural. Mas entre eles já não está o de retroceder ao século 19, quando éramos muito românticas — óptimo, isto ainda deveria estar em uso — porém nada além de românticas.

(texto de Martha Medeiros – O Globo, 05/Março/2006)

Uma outra maneira de "ver" a mulher

Só UMA MULHER SABE O QUE É....Recebido da Cristina Leão

* Passar a vida inteira lutando contra seu próprio cabelo.

* Comprar uma blusa que não combina com nada, mas que pelo preço

estava irresistível!

* Saber de memória quem se casou, quem se separou e quem deixou a

carreira.

* Ter uma bolsa que parece a necessaire da avó do 007, de

tantas coisas acumuladas e incríveis que existem dentro dela.

* Falar de intimidades que os homens nem sequer imaginam.

* Ser tratada como uma idiota pelos mecânicos de uma oficina.

* Fingir naturalidade durante um exame ginecológico.

* O poder de uns jeans, o de uma blusa de lycra, para sustentar a

estrutura do corpo.

* Ter crises conjugais, crises existenciais, crises de identidade,

crises de nervos!

* Ser mãe solteira, mãe casada, mãe separada e... mãe do marido.

* Ver uma partida de futebol (só para fazer companhia ao noivo).

* Lavar a calcinha no chuveiro, e depois pendurar no porta

toalha(para horror do sexo masculino).

* Comer uma caixa inteira de bombons porque brigou com o noivo,

passar mal, e se sentir destruída porque saiu da dieta.

* Escutar que... "mulher ao volante é um perigo constante."

* Depilar as pernas cada 15 dias, com cera!

* Como se sente rasgando as meias na entrada de uma festa.

* Sentir-se pronta para conquistar o mundo, quando está usando um

batom novo.

* Sentir-se realmente infeliz, porque não tem uma roupa linda para

sair (embora tenha o armário repleto!).

* Chorar no banho, olhando-se no espelho para ver qual é o melhor

ângulo.

* Descobrir que sua relação e o mundo se acabou... e depois

descobrir que não era nada mais que a síndrome pré-menstrual.

* Colocar uma faixa apertada para disfarçar a barriga.

* Dançar, cantar e caminhar no sétimo céu... só porque "ele"

ligou ou escreveu. (ESTOU CERTO QUE TE AMO).

* Brigar, só para depois fazer as pazes.

* Dizer não, para que ele insista bastante, e depois dizer... sim!

* Ficar esperando o marido na cama, quando ele está jogando vídeo

game no computador...

* O milagroso poder curativo de... um beijo..., um gesto..., e uma

palavra doce.

* Ser santa, filósofa, mestra, médica, psicóloga, redentora,

administradora, cozinheira, organizadora, juíza... e etc...!,antes

de começar a pensar nela mesma.

* Chorar, extasiada de felicidade, e... rir, tomada de fúria...

* Em fim, só uma mulher sabe o que é... ser mulher!!!

Ser Mulher

Ser Mulher
Nem sempre se pode explicar:
Procura-se a MULHER
E Encontra-se a Menina
Quer-se a Menina
E Encontra-se a MULHER .....

No princípio eu era menina
Nascida para a felicidade
E meu paraíso tornou-se trevas
Porque ousei liberdade.

Mais tarde fui Adolescente

Mas isto não bastou
Para me eu encontrar
Passei a ser mulher
A Mulher de verdade
Para a sociedade.
Não tinha a menor vaidade,
Mas sonhava com igualdade.

Muito tempo depois decidi:
Não dá mais.
Quero a minha dignidade,
Tenho meus ideais!
Mas o meu conhecimento atroz
Então o mundo acordou
Diante da chama lilás!

Hoje não sou só esposa ou filha
Sou pai, mãe, animo de família,
Sou dona de casa,feliz
Ao mundo peço licença,
Para actuar onde quiser
Meu sobrenome é Competência
sou mulher...
Dedico a todas as mulheres, porque ser mulher é ser sempre vencedora!!!

Mulher!

Mulher...por Simone

Mais um dia chegou
Único, simples e cheio de
Liberdade
Homens estendam as mãos
E mostrem a elas que são mais que importantes
Razão de sorriso e alegria

Pelos anos vividos
Ao lado das pessoas amadas,
Rindo, ouvindo, cantando o
Amor em prosas
Benignidade
nata,
É a mulher.
Nunca esquecida,
Sempre presente nos bons e maus momentos.

Pela paciência
E o afecto, assim como, pela
Longanimidade inabalável;
O que faz de vocês filhas amadas de Deus!

Sejam assim sempre,
Especiais e
Únicas.

Diante de qualquer situação
Inabaláveis, conservando sempre esse
Amor incomparável.

Mulher Personalidade honrada!!!

Mulheres, personalidades honradíssimas
Temos nós, orgulho em tê-las.
Mãe, amada, irmã... amiguíssimas
Impossível não percebê-las.
Desde as meigas, às extremistas,
Não há quem possa vencê-las.

Como mãe, semeia esperança
Como irmã, espalha fervor
Se esposa, há perseverança
Se sofrida, nos causa dor
Se trabalhadora, emite confiança,
Mas em tudo, cultiva amor.

Mulher, símbolo da vida,
Imagem da perfeição.
Tantas vezes abatida
Por causa da traição
De alguém que, “enlouquecida”
Entregou seu coração.

Com palavras vim demonstrar,
Da humanidade a gratidão,
Tu mereces compartilhar
De toda realização,
Pois está sempre a participar
Do que enaltece uma nação.
Independente do nome
Que você recebeu,
É a maior demonstração
De beleza, garra, amor.... fé.
Por tudo isso você conquistou
O Dia Internacional da Mulher.

José Raimundo Correia dos Santos

MULHER

No princípio eu era a Eva
Criada para a felicidade de Adão
Mais tarde fui Maria
Dando à luz aquele
Que traria a salvação
Mas isso não bastaria
Para eu encontrar perdão.
Passei a ser Amélia
A mulher de verdade
Para a sociedade
Não tinha a menor vaidade
Mas sonhava com a igualdade.
Muito tempo depois decidi:
Não dá mais!
Quero minha dignidade
Tenho meus ideais!
Hoje não sou só esposa ou filha
Sou pai, mãe, arrimo de família
Sou camioneira, taxista,
Piloto de avião, policial feminina,
Operária em construção...
Ao mundo peço licença
Para actuar onde quiser
Meu sobrenome é COMPETÊNCIA
E meu nome é MULHER..!!!!

Dia Internacional da Menina e do Machão

08/03/2006 Dia Internacional da Menina e do Machão
por Mario Persona

Acabei de instituir. Vem antes do dia Internacional da Mulher porque para que uma mulher seja mulher ela precisa ser menina. Se não for menina, não continuará sendo mulher. E o machão, onde entra? Em lugar nenhum. Ele sai, porque hoje o dia é dela, e ele odeia isso.

Sabe como eu sei que mulheres são meninas? Porque observei uma. Que idade tinha? Cavalheiros jamais se lembram da idade, só a data de aniversário. Vi quando pegou uma Barbie esquecida num sofá. O que fez? Deu uma arrumadinha nos cabelos da boneca. Meninas de todas as idades continuam fazendo assim. Continuam sendo meninas, mulheres e mães.

Como foi Ruth Handler, que só inventou a Barbie porque viu a filha Barbara brincando com bonecas adultas de papel. "Menina quer ser mulher", pensou ela com seu lado menina antes de colonizar o mundo com mais de um bilhão de bonecas que mulheres de todas as cores, idades e tamanhos continuaram pegando e arrumando os cabelos. Enquanto as feministas arrancavam os seus.

Barbie foi o protótipo do sonho de modelo que existe em cada menina. Ao contrário do que os machões pensam sobre modelos — profissão que virou resposta-padrão de algumas belas sem profissão — mulheres podem ser lindas e inteligentes como a austríaca Hedwig Eva Maria Kiesler. Não sabe quem é? Nome artístico Hedy Lamarr. Ainda não? Aquela actriz de Hollywood que faz tocar seu celular. Não se lembra da Dalila do épico de Cecil B. DeMille? Não, você deve ser mais novo. Então deve ter visto a embalagem do CorelDraw 8. É a cara dela.

Pois é, foi actuando em Hollywood durante a 2ª Guerra que ela inventou um sistema de alteração contínua das frequências de rádio para guiar torpedos e evitar a interceptação pelo inimigo. A tecnologia é hoje utilizada nas bombas inteligentes e em ligações via celular, inteligentes ou não. Hedy Lamarr era inteligente o suficiente para saber ser bela:

"Qualquer garota pode ser glamorosa. Basta ficar imóvel e parecer burra." — disse ela.

Infelizmente é o que algumas fazem, belas ou não. Gastam a vida imóveis e inúteis, como limpador de pára-brisas quebrado em dia de chuva. Por sinal, também inventado por uma mulher, Mary Anderson. Você, machão, que acha que mulher é sinónimo de burrice, experimente dirigir na chuva sem limpador. Você teria inventado? Sei... e colocado do lado de dentro do pára-brisas, não é? Só para responder com uma piada tão velha quanto aquela que você gosta de contar.

Isso, aquela da loira que usou Liquid Paper na tela do computador. Você conta como se soubesse o que é Liquid Paper, não é machão? Quem sabe escrever conhece. Ideia de uma mulher, Bessie Nesmith, secretária que inventou e ofereceu aos homens de gravata preta e camisa branca da IBM de seu tempo — que acharam a coisa inútil — vendendo depois os direitos para a Gillette por 47,5 milhões de dólares. Tudo isso enquanto machões e meninas imóveis faziam pose por aí. Depois dessa vai ter machão querendo me matar. Vou andar de colete à prova de balas feito de Kevlar, material inventado por Stephanie Louise Kwolek.

As mulheres inventaram também outras coisas para a alegria dos homens. Eu disse 'outras coisas', machão. Para os que gostam de ajudar a mulher com o bebé — você nunca fez isso, não é machão? — mas se atrapalham com as dobras da fralda e o alfinete de segurança, Marion Donovan inventou a fralda descartável. E para quem quer manter distância da pia da cozinha, e geralmente consegue por causa da barriga, Josephine Cochran inventou a máquina de lavar louças. Viva a mulher!

Acho que vou parar por aqui. Em minhas pesquisas encontrei outras invenções femininas na química, física e biologia, mas é melhor não arriscar comentar pois não entendi direito. Talvez por ser homem. Mas acho que já deu para mostrar minha admiração pelas mulheres e também o que acho dos Rambos que existem por aí, que humilham e espancam. Só no Brasil, a cada minuto quatro Rambos provam no rosto de uma mulher que sabem dar patadas.

Houaiss define "machão" como "aquele que tem coragem, que é capaz de enfrentar qualquer empreendimento difícil e perigoso; valentão diz-se de ou homem agressivamente viril, que se mostra excessivamente orgulhoso de sua condição masculina". O que o Rambo não sabe é que, no campo de batalha, o brado mais comum na boca dos bravos moribundos é "Mamãe!".

quarta-feira, 8 de março de 2006

DE MARIAS, AMÉLIAS E MADALENAS

DE MARIAS, AMÉLIAS E MADALENAS

da Autoria de Marina Silva

Eu acho que neste dia oito de Março, nossa abordagem tem que

ser em forma mais ou menos de uma poesia, porque a data é especial,

o momento é especial. Acho, também, que neste dia, talvez, a gente

procure falar mais com o coração, atacando um ponto que é fundamental

no ser humano, a sensibilidade, a alma. Para mim, tudo tem que ter alma.

Então vou tentar escrever para a alma das pessoas.

Dirijo-me hoje a todos os homens, muitos dos quais não entendem o
significado e a importância da data que agora comemoramos. Oito de Março é o
Dia Internacional da Mulher, e foi assim declarado para que não esqueçamos o
sacrifício das operárias americanas, que é a representação fiel das
dificuldades que temos atravessado ao longo dos séculos, sob o estigma de
uma suposta inferioridade.

Neste dia, em solenidades especiais, falam sobre nós, mulheres. Nossas
dificuldades, nossas conquistas, a importância que temos para o mundo. Falam
os homens mais importantes, com reverência e respeito. Falamos também nós,
com sincera indignação.

Aparentemente, este é o dia em que nós podemos falar. Mas não é bem
assim. Na verdade, nós falamos todos os dias. Somos até mesmo acusadas de
falar demais. Mas, infelizmente, não somos escutadas. Que este dia fique
sendo, portanto, um dia de recolhimento e receptividade. Um dia em que a
porção masculina da humanidade escute a sua outra parte. E todos nos
escutem.

Escutem o que temos dito em todos esses séculos, quando os soldados
saem para a guerra, deixando infelizes as suas próprias crianças e levando a
infelicidade para outras crianças em terras distantes. O que nós dizemos é
PAZ. Paz para que as flores e as crianças possam crescer no jardim, sem que
a espada de um inimigo venha cortar-lhes a vida antes de florescer.

Escutem o que temos dito em todos esses séculos, quando os que negociam
tornam o dinheiro mais importante que a saúde e o bem-estar. O que nós
dizemos é ALEGRIA. Alegria para que os nossos tesouros possam ser guardados
não no cofre, mas no coração.

Escutem o que temos dito em todos esses séculos, quando os que caem
treme de febre sob cobertores, vítimas de sua própria imprudência e
rebeldia. O que nós dizemos é CUIDADO. Cuidado para que a vida não seja um
jogo ganho ou perdido em um golpe, para que a decisão e a coragem não sejam
apenas disfarces para a falta de juízo.

Escutem o que temos dito em todos esses séculos, quando avarentos
recusam a moeda ao mendigo e o pão à criança nas ruas. Corações endurecidos,
o que nós dizemos é BONDADE. Porque de bondade é feita a verdadeira justiça,
e na balança dessa justiça, uma lágrima pesa mais que o pão e a moeda.

Escutem o que temos dito em todos esses séculos, quando os dominadores
fazem da política um clube para onde vão, usando máscara, deixando em casa a
família e os segredos. O que nós dizemos é SINCERIDADE. Porque política deve
ser a continuação da casa, verdade compartilhada, comunidade de ideias que
não precisam ser concordantes, basta que sejam honestas.

Escutem o que temos dito por todos esses séculos, quando os que se
julgam fortes carregam como troféu a ideia da superioridade: do homem sobre
a mulher, do branco sobre o negro e o índio, do adulto sobre a criança. O
que nós dizemos é IGUALDADE. Porque não existe superioridade a ser exercida,
mas diferença a ser respeitada. E porque o troféu da opressão é feito de
barro e banhado no sangue dos inocentes.

Escutem o que temos dito em todos esses séculos, quando os que se
julgam sábios se orgulham de dominar a Terra com a ciência e a arte de
queimar as árvores, matar os animais, sujar os rios, poluir o ar. O que nós
dizemos é HARMONIA. Porque todo domínio gera revolta e todos os destruidores
terminam por atingir a si próprios. E porque o verdadeiro progresso consiste
em navegar a favor do vento, das águas e da vida e nunca contrários à
natureza.

Escutem o que temos dito em todos os séculos, quando fomos espancadas,
humilhadas e ofendidas em nossas próprias casas, apedrejadas nas ruas,
queimadas nas fogueiras, vendidas nos mercados, escravizadas nos campos,
exploradas nas cidades. O que dizemos é RESPEITO. Porque, tanto quanto os
homens, nós construímos o mundo com nosso trabalho e o colocamos em
movimento com nossas ideias. Temos os mesmos direitos sobre os frutos que
foram regados com nosso suor e nosso sangue.

Escutem o que temos dito em todos esses séculos, quando os escolhidos
sorriem de prazer, fartos, saciados, banhados e vestidos, acariciados e
massajados, aquecidos e alimentados. O que dizemos é AMOR. Porque amor é o
que podemos dar e queremos receber. Porque fora do amor não há salvação e se
essa fonte um dia secar, morreremos todos de sede.

Escutem o que dizemos. Porque é verdade. Porque o rumo que a acção
humana tomou sobre a Terra está errado e precisa ser corrigido. Porque a
vida precisa ser inteiramente modificada. Porque o sentido de viver precisa
ser encontrado. E porque qualquer mudança só acontece quando se ouve a voz
que vem do coração nossa voz que, todo esse tempo, tem procurado fazer
ouvir sua poesia.

Eu gostaria de ter a poesia de todos os poetas, mas como não tenho, fiz
um modesto poema para traduzir, em versos, o amor que nós queremos. A
primeira parte dele é um lamento, mas a segunda parte é uma afirmação do
sentimento muito maior que a Humanidade pode ter. Vamos tentar falar de
Marias, de Amélias e de Madalenas:

No sofrimento somos Maria,
Mãe de um Deus assassinado.
Marias sem alegria.
Dor sem futuro ou passado.
Na renúncia somos Amélia, de uma triste verdade.
Amélias sem sonho, desejo ou vontade.
No preconceito, Madalena,
nas praças apedrejada.
Madalenas: ao pecado
e à culpa predestinadas.
Só no amor temos os nomes
e as formas de nossa estima;
velha mãe, jovem formosa
e, eternamente, menina.