As induções hipnóticas são muito antigas. Estas práticas foram observadas na Índia, na Grécia e na Roma antiga.
No Egipto existiam os “templos dos sonhos”. Sacerdotes egípcios induziam os sujeitos ao estado hipnótico. Nestas civilizações antigas, magia, religião e medicina misturavam-se, feiticeiros, sacerdotes e curandeiros exerciam continuadamente essas funções, até porque naquela época NÃo existia psicólogo.
Os benefícios da hipnose foram usados por Hipócrates , pai da medicina, para anestesiar os seus pacientes.
O sábio, filósofo e médico iraniano do século XI (980 – 1037), Avicena aparece com grande destaque, em quase todas as grandes obras desta especialidade. Assim como Paracelsus do século XVI (1493 – 1541), pai da medicina hermética.
Somente na segunda metade do século XVIII é que se dá uma grande importância ao estudo da hipnose.
Em pleno século XIX, o médico cirurgião James Braid (1795 – 1860) foi o autor da palavra “ Hipnotismo ”, que deriva do vocábulo grego “ hipnos ” que significa sono. Propôs também o uso da auto-hipnose , considerando que a concentração era a chave do processo.
James Esdaile, médico cirurgião inglês, fez várias cirurgias utilizando como anestesia técnicas hipnóticas .
Paris, no final do século XIX, foi a época das escolas, onde se ensinava e investigava a utilização da hipnose na terapia.
A “ Escola de Nancy ” ,liderada por Ambroise Auguste Liébault (1823 – 1904), considerou o transe hipnótico um estado natural e não patológico, (sendo denominado por muitos historiadores o pai do hipnotismo científico ).
A “ Escola de Salpêtrière ” foi fundada por Jean Martin Charcot (1825 - 1893), um dos maiores neurologistas do século XIX. Este afirmou que o transe hipnótico só acontecia como um estado patológico. Este princípio foi considerado completamente retrógrado, mesmo pelos seus colegas da época, no entanto, deixou-nos como criação sua, três conceitos que classificou como estágios da hipnose : a letargia , a catalepsia e o sonambulismo.
A “ Escola Mental ” foi criada por Hypolite Bernheim (1840 - 1919), um dos mais famosos médicos franceses, discípulo de Liébault . Ele confluiu para a ideia do carácter subjectivo dos fenómenos hipnóticos , tal como na necessidade de aprofundar as técnicas sugestivas. Contribuiu com o seu prestígio para o acolhimento, por parte da comunidade científica, das técnicas hipnóticas , usadas no controlo da saúde física e mental.
Ivan Pavlov (1849 - 1936), médico russo, foi o criador da indução reflexológica . Condenou o aspecto psicológico da hipnose dando relevo à fisiologia (capitulo da biologia que trata dos fenómenos vitais, isto é, estuda as funções dos diferentes órgãos dos seres vivos). Com esta sua confusão contribuiu para reforçar a predominância do aspecto psicológico na hipnose .
Émile Coué médico francês, estudou na “ Escola de Nancy ” e abriu caminho ao uso da auto-sugestão . Concluiu também a famosa lei da reverção dos efeitos “num conflito entre a vontade e a imaginação vence sempre, invariavelmente, a imaginação”.
Pierre Janet (1849 - 1947), psicólogo francês, estudou na “ Escola de Salpêtrière “ e foi aluno do professor Charcot. Definiu o transe como uma dissociação da mente e criou o termo subconsciente para diferenciá-lo do inconsciente. Foi pioneiro da hipnoterapia regressiva ao descobrir que as pessoas tinham a faculdade de reprimir das suas memórias episódios significativos da sua vida, ocorridos anteriormente.
Através da hipnose podia ajudar os seus pacientes a recordarem-se desses eventos passados. Essas recordações podiam esconder incidentes traumáticos não digeridos e “isolados” da mente consciente, com repercussões funcionais no momento presente. Ele, conduziu o indivíduo ao conhecimento profundo de si próprio e, consequentemente, à auto-compreensão, o primeiro estágio essencial, para se obter um resultado positivo na terapia.
Sigmund Freud foi discípulo do medico austríaco Josef Brener, que desenvolveu um tratamento de casos de histeria por intermédio de hipnose, ao mesmo tempo que Charcot em Paris.
Freud estudou na “ Escola de Salpêtrière ” com o professor Charcot e continuou a colaborar com Brener até à elaboração da sua teoria sobre a sexualidade infantil. Fundou a “ psicanálise ”, que foi desde logo muito contestada, mas acabou por ser aceite universalmente pela comunidade científica. Até aí, fez uso extensivo da hipnose na investigação do subconsciente, compreendeu que a descoberta da raiz dos problemas era essencial para uma terapia bem sucedida.
Freud e seu discípulo Jung, embora mais tarde se tenham separado, são pioneiros nesta investigação da compreensão e interpretação do discurso simbólico do inconsciente.
Após o final da Segunda Guerra Mundial, a hipnoterapia regressa em força no tratamento de traumas pós-guerra e surgem novas teorias.
Clark Leonard Hull professor de psicologia, em Yale, E.U.A., adepto da hipnose experimental , afirma que os fenómenos hipnóticos são uma resposta adquirida, igual aos hábitos (Teoria da Aprendizagem).
Ernest Simmel, psicanalista alemão, desenvolve a hipnoanálise .
André Muller Weitzenhoffer, caracteriza o transe hipnótico como uma experiência psicológica natural.
Ernest Hillgard é um dos muitos estudiosos dos aspectos experimentais da hipnose .
Milton Hyland Erickson (1901 - 1980), psiquiatra e mestre em psicologia, reabilitou e modernizou a hipnose clássica e é considerado o pai da hipnose moderna .
Erickson nasceu a 15 de Dezembro de 1901, em Nevada, E.U.A. Filho de fazendeiros, teve poliomielite aos 17 anos e num estado terminal, pode ouvir o médico, dizer à sua mãe, que seria impossível ele resistir até ao amanhecer. Indignado e revoltado, acreditou que se visse os primeiros alvores não morreria. Aguentou até ao nascer do sol e só então se entregou a um coma profundo, do qual só despertou uns dias depois. Livre da morte, ficou paralisado numa cadeira de rodas, até experimentar, mais uma vez, a sua força interior, que contribuiu sem dúvida, para tornar possível a sua recuperação.
Concluiu os seus estudos académicos em psiquiatria e psicologia em 1929. No exercício das suas funções apercebeu-se que os métodos terapêuticos da época, eram na sua opinião, muito lentos e poucos eficientes. Interessou-se pela hipnose e seguiu de perto os trabalhos de investigação de Clark Hull .
Erickson este génio da hipnose inicia então a sua jornada e cria os seus próprios métodos e técnicas hipnoterapeuticas , a hipnoterapia naturalista
Durante mais de 50 anos, desenvolveu extensos estudos e pesquisas, sobre vários conceitos para o uso e compreensão da hipnose , do ser humano e da sua mudança. Pouco escreveu sobre os seus trabalhos e preferiu que os seus alunos, mais experimentassem sua metodologia do que se prendessem à teoria.
Foi presidente fundador da American Society of Clinical Hypnosis e deixou como herança o contributo do seu trabalho, a Hipnoterapia Ericksoniana .
Actualmente, os hipnoterapeutas exercem a sua actividade profissional em todo o mundo, seguindo as várias correntes das diferentes escolas de psicoterapia, que merecem também destaque pelo trabalho que desenvolvem através das técnicas hipnoticas.
A hipnoterapia é uma arte e uma profissão, que é cada vez mais adoptada por psicólogos, cirugiões, clínicos gerais, dentistas, psiquiatras que apreciam os resultados alcançados.
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