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domingo, 26 de maio de 2013

O homem em busca de um sentido



Em 1942 Viktor Frankl estava feliz pela gravidez da sua mulher; tinha a sua família por perto, os seus pais e irmão; e em Viena era chefe da ala de psiquiatria de um hospital.
Em Setembro desse ano a sua vida mudou: o médico judeu foi preso e deportado para um campo de concentração diferente do que o da sua mulher - Bergen-Belsen - e dos seus restantes familiares.
Frankl viu assim ser estampado no seu corpo o número 119.104.
No livro, até à página 100 – o autor relata a sua jornada ao longo de três anos, passados em quatro campos de concentração nazi, onde foi testemunha de um rol de actos desumanos por parte das SS. Dentre as variadíssimas histórias que o psiquiatra conta, as mais dramáticas são as relacionadas com as mortes “forçadas” dos presos com pouca resistência física e psicológica. Quando um prisioneiro não se recuperava rapidamente, geralmente era executado com uma injecção letal de fenol ou simplesmente era-lhe retirada a pouca comida que era distribuída diariamente (sopa, água e uma fatia de pão).
O psicoterapeuta entrou no campo firmemente determinado a conservar a integridade da sua alma, a não deixar que a sua psique fosse afectada por o que os seus olhos presenciassem. Nesses momentos mais duros Frankl “camuflava” a sua sensibilidade e evocava imagens positivas, visualizando a sua mulher e o filho num futuro imerso de felicidade. Foi assim, através de emoções positivas que a sua força e resiliência o manteve são e incólume em Auschwitz.
Depois da sua libertação em 1945, Frankl começou a escrever este livro para partilhar as suas vivências, mas também para revelar o método psicoterapêutico cha­mado Logoterapia, de que ele foi testemunha em Auschwitz.
Na segunda parte do livro explica em que consiste o seu conceito: é meio de ajudar o paciente a minimizar o seu sofrimento através da descoberta de um sentido para a sua vida, mesmo - ou principalmente - nos momentos mais angustiantes e de desmotivação. Ele opõe-se à homeostasia como tratamento eficaz em busca de um sentido. Ele defende que é necessário tensão: «A emoção, que constitui sofrimento, deixa de ser sofrimento logo que formamos uma ideia clara e distinta a seu respeito.» (p. 82)
Fundamentalmente, Frankl nos mostra que «(…) tudo pode ser tirado a um homem, menos uma coisa: a última das liberdades humanas – a possibilidade de escolhermos a nossa atitude em quaisquer circunstâncias, de escolhermos a nossa maneira de fazer as coisas.» (p.76)
Para os apreciadores de psicologia e de literatura em geral, este é um livro essencial. Não é em vão que O Homem em Busca de um Sentido é considerado um dos dez livros mais influentes de sempre.

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