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domingo, 30 de novembro de 2008
Globalização
Neste épico histórico, Oliver Stone nos apresenta a vida e glória de Alexandre, o Grande, sua infância e adolescência (instruído por Aristóteles); sua assunção ao trono da Macedônia, após o assassinato do seu pai, o Rei Felipe, o Caolho. Aos poucos, vislumbramos sua ânsia de conquistar o mundo, com a vitória sobre Dario, o Persa, na batalha de Gaugamela; a conquista da Babilônia e sua incursão expansionista através da Ásia Menor e Índia. O que Stone nos apresenta em Alexander, é um Alexandre intrépido, verdadeiro espírito globalista, que busca expandir os valores do helenismo e atingir os limites do mundo. Alexandre enfrenta a incompreensão dos pares, imersos em sentimentos paroquiais e ambições mesquinhas. Oliver Stone, que escreveu o roteiro juntamente com Christopher Kyle e Laeta Kalogridis, relata a história através dos olhos envelhecidos de Ptolomeu (interpretado por Anthony Hopkins, grisalho e de túnica branca), general-historiador, que foi general-confidente de Alexandre e está ditando suas memórias na Biblioteca de Alexandria. O diretor e roteirista Stone fez uma escolha problemática: optou por dar um enfoque psicológico exagerado ao personagem heróico, mais do que em destacar o sentido histórico-politico de suas atividades expansionistas (Alexandre contribuiu para abrir os horizontes do comércio da Antiguidade ao expandir as fronteiras do helenismo para o Oriente próximo). Talvez por isso, a ênfase em sua dimensão existencial: o bissexualismo, destacado em demasia através de seu relacionamento intenso com seu amigo de infância Hephaistion; e a relação de amor e ódio com a mãe Olympia, interpretada por Angelina Jolie (até sugerindo uma estranha explicação psicológica para sua ânsia expansionista: a fuga íntima de Alexandre da matriarca dominadora). Entretanto, o importante seria apreendermos a mensagem do filme para o nosso tempo, tempos de crise estrutural do capital e de impasses geopolíticos (e culturais) do Ocidente expansionista. Talvez o Alexandre de Oliver Stone, interpretado por Colin Farrel, seja o Alexandre da “globalização”, tão intrépido, quanto frágil, com sua glória contingente sendo uma alegoria complexa dos impasses expansionistas da civilização do capital (por exemplo, a candente questão do “choque de civilizações”, Ocidente versus Oriente, que está colocada no cenário da geopolítica mundial hoje, está pressuposta na narrativa histórica de Alexandre). Afinal, uma das formas de compreendermos o tempo presente, seria elaborarmos interpretações sobre o tempo passado. Drama histórico com destaque para cenografia exuberante das batalhas da Antiguidade.
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