As mulheres identificam mais rapidamente as emoções das pessoas através da sua expressão facial do que os homens, o que se pode explicar pelo facto de serem mais afectivas, revela um estudo científico inédito, citado pela Lusa, realizado pelo Laboratório de Expressão Facial da Emoção (FEELab) com 480 portugueses com idades compreendidas entre os 18 e os 70 anos.
A investigação demonstra que as mulheres são "mais espontâneas e mais consistentes do que os homens na percepção das emoções básicas através das expressões faciais".
De acordo com Freitas-Magalhães, director do FEELab, professor de Psicologia no ISCE, em Felgueiras, isto significa que "perante a exibição de determinadas emoções, as mulheres conseguem identificá-las automaticamente, sem hesitar, ao contrário dos homens que têm muito mais dificuldade e dúvidas em fazer essa identificação".
Denominado "Expressão Facial: Reconhecimento das Emoções Básicas em Portugueses", o estudo debruçou-se sobre as emoções felicidade, raiva, tristeza, surpresa, repúdio e medo. O estudo conclui ainda que as mulheres, independentemente da idade, conseguem identificar todas as emoções através da observação do rosto. No entanto, é a expressão felicidade que as mulheres percepcionam mais espontânea, frequente e rapidamente.
Segundo Freitas-Magalhães, a construção da identificação é feita através da capacidade de adquirir conhecimentos (cognição) e da afectividade. "Por isso, a maior facilidade das mulheres em identificar emoções explica-se pelo facto de serem mais afectivas e de, por isso, se identificarem mais com a emoção que estão a observar", explicou. "Poderá também significar que o sexo feminino tem mais facilidade cognitiva do que As mulhereso sexo masculino", acrescentou.
Ao contrário das mulheres, nos homens não se verifica um padrão definido e homogéneo, sendo as emoções raiva e repúdio as que identificam mais frequente e rapidamente. As mulheres mais jovens, entre os 18 e os 25 anos, percebem mais facilmente as emoções felicidade e tristeza, enquanto os homens da mesma idade o fazem em relação à cólera e ao repúdio.
Em contrapartida, são os homens entre os 60 e os 70 anos que identificam com mais frequência e espontaneidade a tristeza e o medo. Quanto aos homens dos 40 aos 50 anos têm mais facilidade em perceber as emoções tristeza e surpresa, ao passo que as mulheres dessa idade o fazem em relação à felicidade.
Outra conclusão do estudo aponta para que as mulheres consigam identificar bem todas as emoções, exibidas pelos dois géneros, independentemente da idade. Os homens identificam melhor as emoções apresentadas pelo género feminino e a sua percepção não é linear consoante os grupos etários em estudo, revelando dificuldade em identificar as emoções expressas pelo grupo dos 60-70 anos.
Para o estudo foi exibida a expressão facial da emoção apenas durante um movimento de um quarto de segundo e solicitada de imediato a percepção da emoção exibida. Do estudo também se infere que as expressões faciais não só reflectem a experiência emocional dos indivíduos, como também determinam como os mesmos indivíduos experimentam e rotulam as emoções. "The Micro Expression Training Tool (METT)" e "The Subtle Expression Training Tool (SETT)", ambos de 2003, foram os instrumentos utilizados na recolha de dados e desenvolvidos pelo Professor Paul Ekman, da Universidade da Califórnia (EUA).
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